Acesso ao principal conteúdo
MYANMAR

Myanmar: dois jornalistas condenados a 7 anos de prisão

Dois repórteres da Reuters acusados de violar o segredo de Estado, por terem investigado sobre um massacre de muçulmanos da etnia rohingya por militares de Myanmar, foram condenados na segunda-feira a sete anos de prisão, ao cabo de um julgamento que denegriu mais um pouco a imagem da Prémio Nobel da Paz Aung SanSuu Kyi.

O jornalista Wa Lone levado para a prisão depois do anúncio da  sentença de sete anos de prisão que lhe foi aplicada. Rangoon, 3 de Setembro de 2017
O jornalista Wa Lone levado para a prisão depois do anúncio da sentença de sete anos de prisão que lhe foi aplicada. Rangoon, 3 de Setembro de 2017 REUTERS/Ann Wang
Publicidade

Kevin Krolicki , chefe do bureau da Reuters na Ásia, considera que a sentença aplicada aos dois jornalistas,significa um apoio aos membros da polícia de Myanmar que tentarm dissimular o massacre de dez homens.

Ambos tendo violado um segredo de Estado, são por isso condenados a sete anos de prisão cada um.

Eis o que declarou o juiz Ye Lwin do tribunal de Rangoon diante de uma sala de audiência aborratada e repleta de jornalistas e diplomatas.

A alta Comissária para os Direitos Humanos da Onu, Michelle Bachelet pediu ao governo de Myanmar, que liberte imediatamente os dois jornalistas e denunciou uma paródia de justiça.

A União Europeia também apelou à libertação imediata e incondicional de Wa Lone e Kyaw Soe.

Estes dois últimos foram condenados pela justiça myanmarense por terem investigado o massacre de dez muçulmanos da etnia rohingya, da qual centenas de milhares foram expulsos de Myanmar pelas autoridades de Rangoon.

O chefe do bureau asiático da Reuters, Kevin Krolicki reagiu à condenação de Lone e Soe, afirmando nomeadamente que a decisão da justiça de Myanmar protege os agentes da polícia que tentaram dissimular o massacre de dez homens.

00:30

Kevin Krolicki 03 09 2018

A sentença de hoje contribui lamentavelmente para apoiar os que na polícia tentaram dissimular um crime, o massacre de dez homens. O crime não teria chegado ao conhecimento público se Wa Lone e Kyaw Soe não o tivessem relatado.

Por isso o que aconteceu hoje é uma injustiça e isso não deve perpetuar-se. O governo de Myanmar tem a responsabilidade de fazer o que é correcto, libertando Wa Lone e Kyaw Soe.

                                                          ( Kevin Krolicki )

O secretário de Estado britânico para os negócios estrangeiros, encarregado das questões asiáticas, Mark Field,declarou que a sentença dos dois jornalistas é um dia sombrio para Myanmar.

Repórter Sem fronteiras (RSF) condenou também vigorosamente, segundo os seus termos, a decisão que encerrou o pseudo julgamento, por um país, Myanmar que ocupa em matéria de liberdade de informação, o 137° lugar na classificação mundial da organização de defesa dos jornalistas.

Wa Lone de 32 anos e Kyaw Soe de 28 anos estavam em prisão preventiva desde Dezembro de 2017 e corriam o risco de ser condenados a uma pena de 14 anos, no final do controverso julgamento.

De acordo com observadores em Myanmar, a sentença aplicada aos dois repórteres da Reuters, é um terrível golpe para a liberdade de imprensa no citado país asiático, não obstante as esperanças suscitadas pela chegada ao poder da prémio Nobel da Paz,Aung Suu Kyi.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.