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Direito/França

França: académico conacri-guineense espancado até à morte

Menos de setenta e duas horas depois da agressão mortal contra um jovem académico guineense, próximo de Rouen, no noroeste da França, um francês de origem turca, com um histórico de problemas psiquiátricos, foi detido e em seguida libertado pela polícia, por razões médicas. A morte de Mamoudou Barry, jovem investigador na Universidade de Rouen-Normandia, suscitou uma viva emoção em França, devido ao seu carácter presumível racista.

Mamoudou Barry, jovem académico conacri-guineense espancado até a morte no dia 19 de Julho de 2019
Mamoudou Barry, jovem académico conacri-guineense espancado até a morte no dia 19 de Julho de 2019 LinkedIn
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Segundo fontes policiais, o suspeito cujo nome não foi divulgado, nasceu em 1990 e revelou um histórico de perturbações mentais.

Francês de origem turca, o suspeito de ter espancado até a morte o jovem académico conacri-guineense Mamoudou Barry, foi submetido a um exame médico e em seguida hospitalizado.

A polícia de Rouen informou que o autor do assassínio é um gatunozinho, conhecido por cometer pequenos delitos, como o tráfico de estupefacientes.

De acordo com a mesma fonte policial,no momento em que matou Mamoudou Barry, o assassino vestia uma camisola do clube turco de Istambul, Galatasaray.

A sua agressão ao jovem Barry, ocorreu na sexta-feira cerca das 18h20 TMG, pouco antes da final do CAN 2019, disputada entre a Argélia e o Senegal.

Jonas Haddad, advogado da família do académico conacri-guineense, considerou que o crime é sem dúvida racista, mas de momento nada permite estabelecer qualquer laço com a final do CAN.

Segundo Haddad, parentes e amigos do conacri-guineense ,o autor do crime insultou Mamoudou Barry próximo de uma paragem de autocarro, em Canteleu, quando o académico voltava de carro, com a sua esposa, para a casa.

Kalil Aissata Keita, amigo de Barry e também investigador da Universidade de Rouen-Normandia, que estava presente durante o espancamento do seu compatriota, o agressor teria apontado o dedo para eles e afirmado antes: pretos de merda, esta noite nós vamos dar cabo de vocês! Foi perante este insulto que Mamoudou Barry, saíu dasua viatura para pedir explicações.

O autor do crime, começou então a agredi-lo com murros e uma garrafa. Ao cair mal, a vítima perdeu muito sangue e uma pessoa tentou fazer uma massagem cardíaca.

Transportado em seguida para o hospital, Mamoudou Barry, de 31 anos de idade,viria a falecer no sábado.

Segundo a Universidade de Rouen-Normandia,no dia 27 de Junho, Barry tinha defendido uma tese, de direito, sobre as políticas fiscais e aduaneiras em matéria de investimentos estrangeiros na África Francófona.

O advogado Jonas Haddad anunciou que uma marchabranca vai ser organizada em Rouen, na sexta-feira, em memória de Mamoudou Barry.

Reagindo a morte do seu compatriota na segunda-feira, o Presidente da Guiné-Conacri Alpha Condé afirmou estar profundamente emocionado.

Segundo um comunicado da presidência conacri-guineense, as autoridades locais vão acompanhar atentamente as investigações, que estão a ser efectuadas pela justiça francesa.

O presidente Condé deverá receber igualmente em audiência, o embaixador da França em Conacri.

Sidya Touré, antigo chefe de governo conacri-guineense, declarou estar muito entristecido pela morte do jovem académico,ocorrida em condições que ele qualificou de trágicas.

Em Dacar, o Presidente senegalês Macky Sall condenou através das redes sociais, o que para ele foi um crime hediondo.

O deputado francês, do partido da direita Les Républicains ( Republicanos ), Eric Ciotti, declarou domingo estar escandalizado pelo crime bárbaro de que foi vítima Mamoudou Barry .

Por seu lado a presidente da região parisiense, Valérie Pécresse, (ex-Republicanos) afirmou estar chocada com o crime.

Para o Primeiro-secretário do Partido Socialista Francês, Olivier Faure, o racismo expressou-se até as suas últimas consequências, a morte.

Num comunicado divulgado na segunda-feira, a organização anti-racista SOS Racisme, considerou que tudo deve ser feito rápidamente, para esclarecer as circunstâncias em que ocorreu o acto bárbaro.

Mamoudou Barry era casado e pai de uma filha.

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