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Politique/ITALIE

Crise política italiana:Giuseppe Conte acusa Matteo Salvini de ser irresponsável

Após a recente decisão tomada por Matteo Salvini de retirar a Liga , partido da extrema-direita, da coligação governamental que formava com o MS5 (Movimento Cinco Estrelas) de Luigi Di Maio, o Primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, oficializou na terça-feira, diante do parlamento italiano, o fim do actual governo. Conte imputou a nova crise política italiana, ao ministro do Interior italiano, Matteo Salvini. Criticado no parlamento pelo primeiro-ministro demissionário, por ter seguido interesses partidários, Salvini respondeu ao chefe do Executivo cessante.

O Primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte durante o seu discurso diante do Senado,em que  ele anuncia a sua demissão. Atrás, sentado à esquerda ,está o ministro do Interior Matteo Salvini. Roma. 19  de Agosto de 2019
O Primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte durante o seu discurso diante do Senado,em que ele anuncia a sua demissão. Atrás, sentado à esquerda ,está o ministro do Interior Matteo Salvini. Roma. 19 de Agosto de 2019 AFP Fotos/Andreas Solaro
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O Primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte comunicou, na terça-feira, ao Parlamento a sua demissão oficial.

A sua decisão ocorre, após o anúncio efectuado no dia 8 de Agosto pelo ministro do Interior, Matteo Salvini, segundo o qual a Liga, seu partido, da extrema-direita,  retirava-se da coligação governamental formada com o MS5 (Movimento Cinco Estrelas) por incompatibilidade política.

Na mesma data, Salvini reclamou eleições legislativas antecipadas, mergulhando de facto a Itália numa nova crise política.

Considerando insustentavél a continuidade do governo, Giuseppe Conte decidiu apresentar a sua demissão ao Presidente Sergio Mattarella.

No seu discurso ao Parlamento, Conte qualificou de irresponsável a postura do ministro do Interior, Matteo Salvini, acusando-o de pôr os interesses partidários acima da vontade do povo italiano.

Giuseppe Conte criticou Salvini, que, segundo ele, não encarna a missão nobre da democracia, que é a de velar pelos interesses colectivos dos italianos.

00:45

Primeiro-ministro italiano Giuesppe Conte 20 08 2019

"No final do debate parlamentar venho comunicar ao Presidente da república a interrupção desta experiência de governo e entregar nas suas mãos a minha demissão do cargo de primeiro-ministro.

Quando uma força política se concentra exclusivamente no seu interesse partidário efectuando as suas opções meramente de acordo com conveniências eleitorais não trai apenas a vocação mais nobre da política !

Mas acaba por comprometer o interesse nacional: permitam-me que diga que o ministro do interior deu provas de seguir interesses pessoais e partidários." Giuseppe Conte

 

Conte considerou que apelar os cidadãos a votarem é a essência da democracia, mas convocá-los para votar todos anos é irresponsável. O Primeiro-ministro cessante da Itália referiu-se igualmente ao facto de que Matteo Salvini pediu os plenos poderes e invocou a organização de manifestações nas praças da Itália, para grangear o apoio popular.

De acordo com Giuseppe Conte, o comportamento político de Matteo Salvini assemelha-se ao do ditador italiano, Benito Mussolini, que em 1922 assumiu os plenos poderes para governar o país segundo os seus caprichos.

Perante as críticas, efectuadas, no parlamento, pelo Primeiro-ministro demissionário que o acusou também de estar obcecado com a imigração, Matteo Salvini respondeu ao chefe do Executivo cessante, sublinhando que se devesse actuar como o fez até agora, não hesitaria em fazê-lo novamente.

01:20

Ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini 20 08 2019

"Voltaria a fazer tudo o que fiz. Tudo !

Com a grande força de ser um homem livre o que significa, pois, que não tenho medo do julgamento dos italianos !

Nesta assembleia estão homens e mulheres livres, e homens e mulheres um pouco menos livres.

Quem tem medo do julgamento do povo italiano não é um homem ou uma mulher livre !

É o sal da democracia !

Permita-me, presidente, que torne pública uma novidade de hoje: lamento que não me tenha suportado ao longo deste ano.

Não o tinha percebido.

"Mendigo, perigoso, autoritário, preocupante, irresponsável, oportunista, ineficaz, inconsciente", toda uma sequência de insultos com que me brinda o presidente do conselho.

Aquilo com que estamos comprometidos não é a Itália de amanhã de manhã, com base nas sondagens, mas a Itália de 2050.Matteo Salvini

 

O fim oficial da coligação governamental italiana, formada pela Liga (extrema-direita) de Matteo Salvini e o Movimento Cinco Estrelas (MS5) de Luigi Di Maio, depois de 14 meses no poder, abre caminho para que o Presidente Sergio Mattarella, inicie as consultas com os partidos políticos italianos, de forma a decidir a realização de eleições legislativas antecipadas, a continuidade do mesmo governo, o que segundo analistas é muito pouco provável, ou então a formação de um novo governo de aliança, sem ter que passar pelas urnas.

Estas são as opções que o Presidente Mattarella deverá considerar, para pôr termo a actual crise política italiana.

O antigo Primeiro-ministro italiano (centro-esquerda) e ex-presidente da Comissão Europeia, Romano Prodi, propôs a criação de um governo de união nacional compreendendo o Movimento Cinco Estrelas (MS 5), o Partido Democrático (P D) do também ex-Primeiro-ministro Matteo Renzi e o partido Forza Italia (centro-direita) de Silvio Berlusconi.

Matteo Salvini aposta numa vitória eleitoral, em caso de legislativas antecipadas, de modo a liderar uma coligação formada pela Liga, o partido anti-LGTB, Fratelli d'Italia e Forza Italia.

A crise política italiana corre o risco de resultar numa dor de cabeça, séria, para a União Europeia, cuja nova Comissão entra em funções no próximo dia 1 Novembro.

Com em pano de fundo a crise política, Roma deverá sugerir um candidato ao cargo de comissário europeu, bem como apresentar a Bruxelas o seu orçamento para 2020 até ao dia 15 de Outubro.

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