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África do Sul/Segurança

Governo sul-africano investe em infraestrutura e segurança

Dois critérios orientaram a escolha da África do Sul para sediar a Copa de 2010: a capacidade do país em cumprir as exigências da FIFA para a realização da competição e o legado que o Mundial deixará ao país. Obras, eventos, muito trabalho e investimento têm respondido a essas preocupações.

Um dos estádios que está sendo construído para a Copa do Mundo de 2010
Um dos estádios que está sendo construído para a Copa do Mundo de 2010 Elcio Ramalho/RFI
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Nos últimos seis anos, desde o anúncio da escolha do país para sediar o evento maior do futebol, os sul africanos tem testemunhado uma mobilização geral, um esforço que está exigindo muito trabalho e dinheiro. A FIFA e o comitê organizador contribuem com cerca de U$1,5 bilhão  para cobrir custos de logística e outros gastos. O governo local e empresas privadas também investem bilhões na melhoria de infraestrutura em vários setores.

A organização de 194 grandes eventos no país nos últimos 16 anos sem grandes incidentes tem sido o argumento repetido à exaustão, mas quando o país começar a receber os quase 500 mil mil turistas esperados para o Mundial será possível avaliar se o país vai responder às exigências relacionadas principalmente com segurança, alojamento e transportes.

Para atender as exigências da FIFA, a África do Sul teve que renovar 5 estádios e construir 5 novos, entre eles o Soccer City, em Joanesburgo, palco dos jogos de abertura e da final, o que mais enfrentou atrasos nas obras.

Outro estádio novinho em folha e um dos cartões postais da Copa será o Green Point, na Cidade do Cabo, entregue em março. 

Transporte

O maior desafio, sem dúvida, será em relação ao transporte. A experiência durante a Copa de Confederações no ano passado, com os torcedores deixando carros em estacionamentos distantes 1 quilômetro dos estádios e sendo levados de ônibus funcionou bem, mas eram apenas 8 times.

Agora, com torcedores acompanhando 32 seleções que jogarão em 3 cidades diferentes na primeira fase vai exigir que a rede de transportes aérea, ferroviária e rodoviária asuporte tamanha movimentação. Para isso o país se comprometeu a investir o equivalente a quase 2 bilhões de reais. Em Joanesburgo, por exemplo, uma pista rápida ligando o aeroporto até o bairro Rosebank, onde está a maioria dos hotéis, deverá ser concluída até junho.

Outro desafio da África do Sul será acomodar uma grande concentração de visitantes em apenas um mês. O governo assegura que colocará à disposição 202 mil quartos para alojar todo mundo. Com excessão da Cidade do Cabo, maior ponto turístico do país onde já existe uma rede hoteleira instalada, as outras 8 cidades são obrigadas a se adaptar.

O país teve que investir na construção de vários hotéis, como esse no centro de Joanesburgo,  para acolher os torcedores para a Copa.
O país teve que investir na construção de vários hotéis, como esse no centro de Joanesburgo, para acolher os torcedores para a Copa. Foto: Elcio Ramalho/RFI

O alemão Voljhard Bauer, que montou uma empresa que oferece alojamentos para o Mundial, encara assim a situação.  "A Cidade do Cabo é o grande destino turístico da África do Sul, mas em Joanesburgo, por exemplo, não há turismo e sim viagens de negócios. Portanto, há um número limitado de oferta de quartos. E quando você olha para outros locais menores como Nelpruit, Polokwane e Rustenburg, eles têm apenas centenas de quartos e é tudo. Quando estiver programado um jogo para 20, 30 mil torcedores que deverão chegar à cidade, os locais já estarão completos há muito tempo antes. Então muitas terão que viajar talvez 2 horas e ficar há centenas de quilômetros longe do local da partido", prevê.

Dinheiro extra

A solução do governo foi apelar para os moradores e muitos vêem uma grande oportunidade para ganhar dinheiro. Desempregado, Simiso Ngwenya, de 29 anos, tem um emprego temporário para a Copa do Mundo. Ele decidiu alugar sua casa de 4 quartos no bairro de Soweto, na periferia de Joanesburgo, cidade onde há dois estádios para a Copa. Ele vai alugar sua casa durante o Mundial por 3.600 randes por dia, o equivalente a R$ 850.

"É uma grande oportunidade para muita gente aqui na África do Sul ganhar um dinheiro extra com a Copa do Mundo. Decidi também para mostrar a grande hospitalidade da Africa do Sul para os turistas e aumentar a oferta de quartos para as pessoas se sentirem bem-vindas aqui", diz ele.

Os grandes investidores do mercado imobiliário vão faturar muito mais. Tony de Gouveia é administrador da CASA, sigla em inglês para Compadres da África do Sul. Uma associação de amigos de origem portuguesa que colocou 100 casas e apartamento à disposição de empresa autorizada pela FIFA para oferecer alojamentos aos turistas. O lucro será extraordinário. "Ganharei em um mês o equivalente em dez anos", resume.

Segurança

Além de assegurar que haverá alojamento para todos, o governo sul africano tem multiplicado declarações de que sera um evento seguro. Com uma médias de 50 homicídios por dia, a África do Sul é considerado um dos países mais violentos do mundo.

O país lançou uma campanha para colocar 200 mil homens nas ruas durante a Copa.  São U$ 115 milhões de investimentos em segurança. Em entrevista à Rádio França Internacional, o chefe da polícia local, Andre Pruis, explicou porque os turistas não devem temer a violência.

"Fala-se muito sobre a violência e criminalidade na África do Sul, mas o que as pessoas devem levar em consideração é que mais de 85% dos crimes estão relacionados com a próopria população local. Muitas vezes as vítimas reconhecem seus agressores", explica.

"O que precisamos é mudar essa situação, recuperar essas pessoas, precisamos de desenvolvimento econômico e social, resolver questões relacionadas com nosso passado. Muitas pessoas falam de crimes, mas deve-se lembrar que 85% envolvem pessoas daqui, são de natureza interna devido a condições sociais do país", disse.

"Vamos deixar dois oficiais no aeroporto e divulgar números para quem precisar de assistência da polícia. Venham se divertir porque vamos dar segurança aos turistas. Garanto que será uma Copa do Mundo segura", afirma Pruis.

 

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