"O vulcão é o melhor amigo que temos"
Este domingo chegou a Cabo Verde a segunda remessa de ajuda angolana para as vítimas da erupção vulcânica na Ilha do Fogo. Apesar do perigo de novas erupções no futuro, muitos habitantes voltaram, sem medo, a Chã das Caldeiras porque "o vulcão é o melhor amigo" que têm, disse à RFI o agricultor José António.
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No dia em que chegam a Cabo Verde cerca de 500 toneladas de ajuda humanitária angolana para apoiar a reconstrução de casas devido à erupção na ilha do Fogo, a RFI falou com um dos habitantes de Chã das Caldeiras, cuja casa foi engolida pelas lavas.
José António é agricultor, foi guia turístico em Chã das Caldeiras e é também um dos responsáveis das estações sismográficas na Ilha do Fogo.
Face à chegada da nova ajuda, José António admitiu que "esses donativos ajudam bastante" mas questiona quando é que a população de Chã das Caldeiras vai poder aceder a essa contribuição, criticando o silêncio da arte das autoridades.
José António avançou que "50 por cento dos chefes das famílias já regressaram a Chã das Caldeiras" e que encontraram teto nos lares dos vizinhos porque ainda há "cerca de 30 casas que estão todas reabitadas".
Questionado sobre porque é que as vítimas do vulcão insistem em ir morar para uma zona perigosa e com um historial de erupções, José António sublinhou: "O vulcão é o melhor amigo que temos porque ele dá e ele toma, mas quando ele toma, ele avisa".
O agricultor evocou, ainda, a fertilidade da área que é fundamental para quem vive da agricultura e da pecuária.
Oiça a entrevista aqui:
José António, Chã das Caldeiras
De acordo com a agência de notícias Lusa, citando a Infopress, o navio deveria chegar esta tarde ao porto de Vale dos Cavaleiros, próximo de São Filipe, na Ilha do Fogo, transportando essencialmente materiais de construção.
A erupção vulcânica na Ilha do Fogo ocorreu entre 23 de novembro do ano passado e 8 de fevereiro, sem provocar mortes.
A lava do vulcão consumiu as povoações de Portela e Bangaeira, situadas no planalto de Chã das Caldeiras, destruindo também 30% dos cerca de 700 hectares de terra arável. Os prejuízos foram avaliados em mais de 45 milhões de euros.
O plano de reconstrução de Chã das Caldeiras prevê a edificação de uma nova localidade, em zona ainda a definir, para as cerca de 1500 pessoas que perderam as suas casas.
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