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Chade/Senegal

Hissène Habré, o carrasco implacável

Estratega da guerra do deserto, o ex-presidente do Chade Hissène Habré, chegou ao poder em 1982. A cadeira do poder foi obtida pela via da força. A força que, de resto, foi marco constante do seu regime. Oito anos de uma terrível repressão.

Hissène Habré, antigo presidente do Chade
Hissène Habré, antigo presidente do Chade AFP/ SEYLLOU
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“Combatente do deserto”, “homem dos ataques surpresa”, “chefe de guerra”, são alguns dos cognomes que proliferam para caracterizar as qualidades militares deste homem de trato e olhar afiado.

Nasceu em 1942 em Faya-Largeau (norte do Chade) e cresceu no meio do deserto Djourab. A sua inteligência foi desde cedo sublinhada pelos professores. Em 1963, veio para França estudar na École Nationale de la France d’Outre-mer (uma escola francesa que formava quadros da administração colonial). Em seguida, ingressa em Direito, em Paris, frequenta o Instituto de Estudos Políticos e prossegue a sua educação política absorvendo Frantz Fanon, Ernesto "Che" Guevara e Raymond Aron.

Regressa ao Chade em 1971, junta-se à Frente de Libertação Nacional do Chade, que passa a liderar, antes de Goukouni Weddeye formar o Conselho das Forças Armadas do Norte. Em 1974, torna-se conhecido no estrangeiro ao manter refém, por três anos, o antropólogo francês Françoise Claustre, forçando a França a negociar com os rebeldes.

De seguida, ocupa a cadeira de primeiro-ministro do presidente Felix Malloum, com quem entra em rescisão. Segue-se a tutela da Defesa, na altura de Goukouni Weddeye, presidente do Governo de Unidade Nacional criada em 1979. Nacionalista acérrimo, firme opositor ao líder líbio da altura Mouammar Kadhafi que era apreciado por Goukouni Weddeye. Hissène Habré rompe com o seu antigo aliado e dá início a uma guerra civil em N’Djamena, cidade que se vê obrigado a abandonar em finais de 1980.

A partir do Este do Chade, lutou contra o regime de Goukouni Weddeye que era apoiado por Tripoli e regressou vitoriosamente a N'Djamena em 1982.

- Os opositores presos, torturados e executados -

De 1982 a 1990, os opositores, reais e supostos, foram detidos pela polícia política, torturados e executados. Estima-se que mais de 40.000 pessoas foram executadas ou morreram sob custódia durante o mandato de Hissène Habré, incluindo 4.000 identificados pelo nome.

Em 1990, Hissène Habré deixa apressadamente N'Djamena e foge do ataque dos rebeldes liderados por Idriss Deby Itno, o actual presidente do Chade.

Refugiou-se no Senegal. Mais de vinte anos de exílio pacífico e tranquilo em Dacar. De acordo com a organização Human Rights Watch o ex-ditador chadiano deixou o Chade com os cofres "vazios" e criou no Senegal “uma rede de protecção."

Em Dacar, trocou as fardas por um manto e touca branca. Muçulmano praticante, conquistou o apreço dos vizinhos, ajudou a construir mesquitas.

Em 2011, o presidente senegalês, Abdoulaye Wade surpreendeu tudo e todos ao querer expulsar Hissène Habré. Nessa altura os habitantes do bairro de Ouakam mostraram o seu apoio incondicional ao antigo chefe de estado chadiano.

Hissène Habré foi detido a 30 de Junho de 2013, em Dacar. É acusado por um tribunal especial criado pela União Africana por "crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crimes de tortura”.

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