Burundi conta votos após presidencial contestada
O Burundi foi ontem às urnas para uma eleição presidencial sob tensão. Parte da oposição boicotou o escrutínio. Os resultados provisórios só deverão ser divulgados esta sexta-feira enquanto o grau de participação é alvo de disputa entre as autoridades e a oposição.
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O presidente da comissão eleitoral burundesa, Pierre Claver Ndayicariye, declarou à imprensa que os resultados provisórios da presidencial deverão ser anunciados esta sexta-feira.
Mas depois da larga vitória conquistada pelo partido no poder, o CNDD-FDD, nas legislativas e autárquicas do passado dia 29 de junho, escrutínio que também foi boicotado pela oposição, a vitória do presidente Pierre Nkurunziza está, segundo os analistas, mais do que assegurada.
Quanto à afluência às urnas, os jornalistas presentes no Burundi têm dado conta de uma participação mais do que mediana, em geral, mas extremamente fraca na capital onde a contestação tem sido mais forte. Estes apontam também para uma participação globalmente inferior à das legislativas de 29 de junho.
Outro ponto de vista tem o presidente da comissão eleitoral ao considerar que excepto uma "mais fraca afluência em Bujumbura e [na província de] Bururi [a sudoeste do país] a participação foi sensivelmente a mesma" do que nas legislativas, esperando uma taxa de 74 %.
Por seu turno, o assessor de imprensa do presidente Nkurunziza e director de campanha do CNDD-FDD, Willy Nyamitwe, faz "um balanço muito positivo" destas eleições afirmando, na antena da RFI em francês, que "a taxa de participação é largamente satisfatória" devendo até "estar por volta dos 80 %".
Willy Nyamitwe - Director de campanha do CNDD-FDD
Também na antena da RFI, Jean Minani, presidente do partido da oposição Frodebu-Nanyuki e um dos três candidatos que abandonaram a corrida à presidencial, respondeu acusando as autoridades burundesas de manipulação e considerando que "a taxa de participação foi muito fraca" e que "toda a gente pôde constatar que os centros de voto estavam vazios de manhã até à noite".
Jean Minani - Membro da oposição
Refira-se que a noite de ontem foi bem mais calma do que a da véspera das eleições na qual morreram duas pessoas. Efectivamente, este acto eleitoral ficou marcado por episódios de violência e pelo boicote dos principais partidos da oposição perante a persistência do presidente cessante Nkurunziza em avançar para um controverso terceiro mandato.
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