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Estados Unidos/Quénia

Obama pede igualdade para homossexuais em África

Na sua deslocação ao Quénia o presidente norte-americano esteve presente num fórum económico em Nairóbi, onde elogiou o crescimento africano. Esta é a primeira visita de Barack Obama ao país do seu pai desde que assumiu a presidência dos Estados Unidos, em 2009.

O presidente norte-americano, Barack Obama, durante a visita oficial ao Quénia a 25 de Julho de 2015.
O presidente norte-americano, Barack Obama, durante a visita oficial ao Quénia a 25 de Julho de 2015. REUTERS/Thomas Mukoya
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Barack Obama visitou, este sábado, o fórum económico em Nairóbi, na capital do Quénia. Em conferência de imprensa, o presidente norte-americano mostrou-se satisfeito por estar no país de onde é originário o seu pai. «É maravilhoso regressar ao Quénia. Tenho orgulho em ser o primeiro presidente norte-americano a fazer uma visita oficial ao Quénia. Claro que esta estadia tem aspectos que me tocam pessoalmente porque se me chamo Barack Hussein Obama, é por uma razão. O meu pai é daqui, tenho família e amigos aqui, e ao longo das minhas visitas aprendi a compreender e a apreciar, nas ruas de Nairóbi, o calor e o espírito do povo queniano», declarou.

O chefe de Estado americano lembrou que o continente africano é muito importante economicamente quando se vê a taxa de crescimento. «Queria estar aqui porque África está em movimento. A taxa de crescimento é uma das mais fortes no mundo. As pessoas começam a sair da pobreza, os salários aumentam, a classe média alarga-se e jovens como vocês utilizam a tecnologia para mudar a maneira como os africanos fazem negócios», afirmou ao público presente.

Barack Obama acrescentou que África pode ser o futuro centro de crescimento mundial. «Isto tudo cria oportunidades para os africanos e para o mundo. Vai gerar mais crescimento, mais intercâmbios, mais comércio e criar empregos em todos os países. É bom para todos. Este continente tem de ser o futuro centro de crescimento mundial e não estar apenas ao serviço do crescimento africano», concluiu.

De referir que esta visita ao fórum económico era vista como uma deslocação de alto risco.

Homenagem às vítimas da embaixada norte-americana do atentado de 1998

O presidente norte-americano, Barack Obama, depositou uma coroa de flores no memorial em memória das 213 vítimas do atentado da Al-Qaeda contra a embaixada norte-americana em Nairóbi, a 7 de Agosto de 1998.

Obama esteve acompanhado por uma dúzia de sobreviventes do ataque e da sua conselheira de Segurança Nacional, Susan Rice.

As embaixadas norte-americanas em Nairóbi e em Dar-es-Salaam, na Tanzânia, foram atacadas em simultâneo por carros armadilhados a 7 de Agosto de 1998. Os ataques foram reivindicados pela Al-Qaeda e fizeram 213 mortos em Nairobi e 11 em Dar-es-Salaam, e mais de 5.000 feridos.

Burundi e Sudão do Sul no centro das atenções

O Burundi e o Sudão do Sul foram temas abordados na reunião entre o presidente norte-americano e o presidente queniano, Uhuru Kenyatta. No que diz respeito às eleições no Burundi, Barack Obama classificou-as de pouco credíveis. "Falámos do Burundi onde as recentes eleições não são credíveis. Apelamos ao Governo e à oposição para voltarem ao diálogo e encontrarem uma solução política e assim evitar a perda de mais vidas inocentes".

Quanto ao Sudão do Sul, Barack Obama realçou que os dirigentes políticos devem pensar primeiro no país. "A situação é horrível. Estamos de acordo para dizer que a melhor solução passa pelo fim dos combates e os dirigentes sul-sudaneses devem pensar primeiro no país e encontrar um acordo de paz que acabe com os combates".

Shebabs enfraquecidos na África de Leste

Barack Obama, em conferência de imprensa, após o seu encontro com o presidente queniano, também falou do terrorismo que está presente na África de Leste. "Sistematicamente reduzimos os territórios que os shebabs controlavam. Conseguimos reduzir o poderio que tinham na Somália e enfraquecemos as suas redes que actuam aqui na África de Leste".

Homossexualidade, tema abordado

Antes da chegada do presidente norte-americano, Uhuru Kenyatta, o presidente queniano, afirmou que as questões dos direitos dos homossexuais era um "não-assunto" e que não estaria no programa das conversas, que deviam ser sobretudo concentradas na luta contra o terrorismo.

No entanto em declarações, no final da reunião, Barack Obama abordou esse tema e comparou-o a discriminações raciais. "Fui constante em relação a este tema em toda a África. Estou convicto que cada um tem de ser tratado da mesma maneira pela lei e que o Estado não deve discriminar pessoas segundo a orientação sexual. Enquanto afro-americano nos Estados Unidos, tenho um doloroso conhecimento do que é quando as pessoas são tratadas diferentemente em frente à lei".

A homossexualidade é ilegal na maior parte dos países africanos. De referir que Barack Obama já tinha dado o seu apoio aos homossexuais no continente africano, em Dacar em 2013, considerando que "todas as pessoas têm de ter os mesmos direitos".

No entanto, como o presidente senegalês Macky Sall em 2013, Uhuru Kenyatta, cujo vice-presidente William Ruto tem multiplicado as declarações homofóbicas estes últimos meses, respondeu ao presidente norte-americano que "há coisas que não partilhamos", acrescentando que "é muito difícil impor à população o que ela não aceita. Para os quenianos a questão dos direitos dos homossexuais não é um assunto importante". 

Regressar "sem fato"

O presidente norte-americano, Barack Obama, prometeu este sábado que regressaria "sem fato" ao Quénia quando sair da Casa Branca, e prometeu empenhar-se no país do seu pai. "O que posso garantir é que voltarei. A próxima vez que estarei por cá, não vou usar fato", lembrando que "a primeira vez que estive aqui, estava de calças de ganga e de mochila", isto em referência à sua primeira viagem ao Quénia há cerca de três décadas quando estava à procura das suas origens.

Barack Obama nasceu no Havai, é filho de uma norte-americana e de um queniano, que ele pouco conheceu.

O presidente dos Estados Unidos da América segue agora viagem, rumo a Addis Abeba, na Etiópia.

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