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Líbia: EUA confirmam ataques aéreos contra Estado Islâmico

Os Estados Unidos da América bombardearam hoje e esta segunda-feira posições do auto-proclamado Estado Islâmico em Sirte, feudo dos jihadistas na Líbia, permitindo a progressão das forças leais ao governo apoiado pela ONU. Washington assumiu pela primeira vez a intervenção aérea naquele país depois da intervenção da NATO que em 2011.

Combatentes leais ao governo líbio apoiado pela ONU em Sirte. 15/07/16
Combatentes leais ao governo líbio apoiado pela ONU em Sirte. 15/07/16 REUTERS/Goran Tomasevic
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A força aérea norte-americana continuava esta manhã a bombardear alvos do Estado Ismâmico (EI) em Sirte, depois de ontem ter reconhecido pela primeira vez estar a levar a cabo ataques aéreos na Líbia. Tal teria permitido a tomada de um bairro e o aproximar do centro de Sirte por parte das milícias leais ao governo de Tripoli.

A informação foi confirmada pelo coronel Mohammed al-Ghasri, porta-voz das forças leais ao governo de união nacional de Tripoli: "Há uma coordenação total com a aviação norte-americana. Os norte-americanos atacaram hoje, tal como ontem, vários alvos do EI em Sirte. Há uma dezena de agentes dos serviços secretos norte-americanos e britânicos que nos fornecem informações sobre o número de combatentes do EI, a sua localização, etc. Mas no terreno, há somente as nossas forças".

Fica assim confirmada a esperada presença de serviços secretos ocidentais, depois de ontem Washington ter assumido pela primeira vez a intervenção aérea na Líbia, isto depois da intervenção da NATO que em 2011 levou ao derrube e morte de Muammar Khadafi. A aviação norte-americana já tinha atacado, em fevereiro, um campo de treino do Estado Islâmico (EI) causando a morte a 40 jihadistas mas não tinha reivindicado a operação.

Ontem, o anúncio dos primeiros ataques foi feito pelo primeiro-ministro Fayez Al-Sarraj e foi seguido pela confirmação das autoridades norte-americanas. Reagindo aos ataques autorizados por Barack Obama na última semana, o porta-voz do Pentágono, Peter Cook, afirma que “estas acções e outras que foram tomadas ajudarão a impedir que o Estado Islâmico tenha um porto-seguro na Líbia, de onde pode atacar os Estados Unidos e os seus aliados”.

Na verdade, estes são os primeiros ataques aéreos na Líbia levados a cabo por um país estrangeiro, formalmente reivindicados e a pedido do novo governo de unidade nacional que conta com o apoio da ONU.

Quero assegurar-vos que estas operações estão limitadas a um calendário específico e que não vão para além de Sirte e dos seus subúrbios”, garantiu o líder do executivo líbio Fayez Al-Sarraj revelando que a coligação aérea internacional que combate o EI na Síria e Iraque vai continuar a levar a cabo bombardeamentos cirúrgicos contra os jihadistas.

A intervenção aérea norte-americana facilita a progressão terrestre das milícias leais ao governo líbio reconhecido internacionaemente que combatem os jihadistas em Sirte há quase três meses. Os terroristas do Estado islâmico, que controlam Sirte desde junho de 2015, pretendem defender o seu feudo líbio, sendo Sirte considerado como a sua "terceira capital", depois de Raca (Síria) e Mossul (Iraque). Ainda há alguns meses, estimava-se em cerca de seis mil os combatentes do Estado Islâmico num país que poderia servir de derradeiro reduto caso sejam derrotados na Síria e no Iraque.

Mas os combatentes do grupo têm estado a recuar no terreno e perderam em meados de junho o acesso ao porto de Sirte. Cerca de 1000 jihadistas estão cercados há várias semanas num perímetro de quatro quilómetros mas a progressão das forças pró-governamentais tem sido difícil.

Contudo, Fayez Al-Sarraj descarta a intervenção estrangeira em solo líbio atendendo, entre outros, à desconfiança da população face à presença de militares estrangeiros no país decorrente da experiência negativa com a ofensiva da NATO. O chefe do executivo tem inclusive afirmado não estar a par da presença de forças especiais estrangeiras no país.

Não obstante esta retórica oficial, já foi reconhecida esta presença. Após o anúncio feito por Washington no início deste ano, a presença francesa foi revelada pelo reconhecimento por Paris, a 20 de julho, da morte de três soldados num acidente de helicóptero em Bengazi, segunda cidade líbia.

Retomar Sirte, retirando ao Estado islâmico o seu maior bastião fora do Médio Oriente, mas também o mais próximo da Europa, daria uma maior credibilidade ao governo de unidade nacional, que, apoiado pela comunidade internacional, não é o único a reivindicar o poder na Líbia.

O executivo de Al-Sarraj, em funções desde março, não controla uma boa parte do país, sobretudo o leste onde o general Khalifa Haftar combate os jihadistas com o parte do antigo exército de Khadafi sendo o líder de um governo paralelo não reconhecido com sede em Tobruk.

Mas o governo de Tripoli, legitimado pela ONU, conseguiu reunir milícias do oeste da Líbia, e conta com o apoio da poderosa milícia de Misrata para recuperar Sirte apesar da falta de meios.

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