Cimeira UA/UE arranca com os olhos postos na Líbia
A Costa do Marfim acolhe hoje e amanhã a 5.ª Cimeira UA/UE que conta com a presença de dezenas de chefes de Estado e de governo. O encontro que vai abordar as questões de imigração e segurança tem como tema "Investir na Juventude para um futuro sustentável".
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Cerca de 80 chefes de Estado e de governo, 5 mil participantes de 55 países africanos e de 28 países da Europa, assim como representantes da ONU e de organizações internacionais são esperados hoje na capital económica marfinense, Abidjan.
A cimeira acontece dias depois de uma reportagem da CNN ter divulgado a venda de migrantes africanos como escravos na Líbia, um escândalo que coloca a questão da imigração na ordem do dia.
Ontem, em Ouagadougou, o Presidente francês anunciou que vai propor em Abidjan uma “iniciativa euro-africana” para “atingir as organizações criminais e as redes de passadores” que exploram os migrantes na Líbia. Emmanuel Macron garantiu ainda um “apoio massivo para a evacuação de todas as pessoas em perigo” na Líbia, qualificando de “crime contra a humanidade” a venda de migrantes como escravos.
O ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto, reconheceu que a situação actual da Líbia é extremamente preocupante e sublinhou que Europa e Africa devem assumir as suas responsabilidades.
" Angola está muito preocupada com a situação que se vive na Líbia. Sobre esse assunto, Angola defende que não devemos reter-nos na condenação ou na constatação. Devemos fazer alguma coisa, a ONU e o resto Comunidade Internacional devem agir rapidamente para não só por cobro à situação que se regista com os migrantes na Líbia, mas que seja identificados e responsabilizados os mandantes". salientou
Ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto
A chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini qualificou de “insuportáveis” as revelações de escravatura e de venda de seres humanos.
Segurança e terrorismo
A questão da segurança e das ameaças terroristas deverá ser igualmente discutida pelos chefes de Estado e de governo, isto numa altura em que se verifica um aumento de grupos jihadistas, sobretudo na África Ocidental. Alguns analistas explicam que o fenómeno de radicalização está ligado há falta de oportunidade para os mais jovens.
A União Europeia tem demonstrado o apoio ao grupo G5 do Sahel, composto pelo Mali, Níger, Mauritânia, Burkina Faso e Chade. O grupo tem feito vários esforços para colocar no terreno uma força antijihadista, contudo a falta de financiamento tem dificultado a operação. Apenas metade do orçamento foi conseguido. Em Abidjan, os chefes de Estado deverão lançar um apelo de ajuda financeira e de cooperação militar.
A quinta cimeira UA/UE decorre entre 29 e 30 de novembro em Abidjan, a capital económica da Costa do Marfim, com o tema 'Investir na Juventude para um futuro sustentável', e será presidida pelos presidentes dos dois blocos, Donald Tusk e Alpha Condé.
A entrevista foi realizada pela nossa enviada especial a Abidjan, Cristiana Soares.
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