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Sudão

Sudão: jovem condenada à morte, por ter matado o marido violador

Uma jovem sudanesa de 19 anos foi ontem condenada à pena morte, por em 2015 ter matado em legítima defesa o seu marido, com quem fora obrigada a casar-se aos 16 anos e que a violou.

Campanha e petição intercional "Justice for Noura"
Campanha e petição intercional "Justice for Noura" Facebook.com
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Pena de uma crueldade intolerável aplicada a uma vítima, prova que a justiça sudanesa não reconhece a violência a que a jovem foi sujeita, denuncia a ONG Human Rights Watch, que pede a anulaçao da condenação e um novo processo equitável, que tome em conta circunstâncias atenuantes.

Foi lançada nas redes sociais a campanha e petição internacional neste sentido denominada #JusticeForNoura que já tem mais de 80 mil subscritores.

A jovem Noura Hussein Hammad, foi condenada à morte por ter matado à facada em 2015, o seu marido Abdulrahman Hammad, com quem o seu pai a tinha obrigado a casar-se quando ela tinha 16 anos, ao abrigo da lei sudanesa que autorisa o casamento a partir dos 10 anos de idade.

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Jovem sudanesa condenada à morte

Ela não aceitou, fugiu e refugiou-se em casa de uma tia, mas em Abril de 2017 e depois de ter terminado os estudos secundários, os pais convenceram-na de que o casamento tinha sido anulado e ela regressou a casa.

Mas Noura foi ludibriada e obrigada a mudar-se para casa do seu marido, onde a 2 de Maio quando recusou consumar o casamento, este chamou dois irmãos e um primo, para o ajudarem a violar Noura Hussein.

Os três homens agarraram-na enquanto Abdulrahman a violava, no dia seguinte tentou violá-la de novo, mas a jovem conseguiu refugiar-se na cozinha onde pegou numa faca, com a qual acabou por matar o marido.

Noura voltou então para casa dos pais e o seu pai entregou-a à polícia.

Julgada em Julho de 2017 o tribunal declarou-a culpada de homicídio voluntário, servindo-se de uma antiga lei que não reconhece a violação conjugal e logo não há legítima defesa e Noura foi imediatamente detida na cadeia de mulheres de Omdurman.

A 29 de Abril deste ano esta acusação foi confirmada e finalmente ontem ela foi condenada à morte, pondo fim ao sonho de ser professora da jovem Noura Hussein Hammad.

A família do marido recusou indultá-la ou receber uma compensação financeira para substituir o dote pago no casamento, pretendendo apenas vingança.

A sala do tribunal estava repleta de simpatizantes de Noura, sobretudo mulheres muçulmanas que pretendiam denunciar este tipo de injustiças, os advogados de Noura têm 15 dias para interpôr recurso.

O relatório da Human Rights Watch de 2013, relatava o aumento dos casamentos forçados de crianças e jovens adolescentes devido ao dote que os futuros esposos têm de pagar, que aumentou muito nos últimos anos e constitui um meio para ganhar dinheiro num contexto de pobreza extrema.

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