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Gana

Gana: jornalista assassinado por denúncia de corrupção no futebol

 A justiça do Gana abriu um inquérito sobre a morte a tiro esta quarta-feira do jornalista Ahmed Husein-Suale, um dos autores do documentário "Number 12" que revela a corrupção no futebol africano.

Família e amigos recolhidos após o assassínio do jornalista Ahmed Hussein-Suale a 16/01/2019
Família e amigos recolhidos após o assassínio do jornalista Ahmed Hussein-Suale a 16/01/2019 Photo: Ruth McDowall/AFP
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Ahmed Husein-Suale de 34 anos foi morto a tiro quando regressava a casa nesta quarta-feria (16/01) por desconhecidos que fugiram de motorizada, no bairro de Madina na capital Accra e segundo a polícia foi atingido por três balas, duas no peito e uma no pescoço.

A sociedade de produção para a qual Hussein trabalhava a Tiger Eye (olho do tigre em tradução livre), é dirigida pelo jornalista ganês de investigação Anas Aremeyaw Anas, considerado no Gana o "super herói anti-corrupção".

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Jornalista assassinado por denúncia de corrupção no futebol

A Tiger Eye produziu o documentário intitulado "Number 12", divulgado em junho de 2018 no qual repórteres infiltrados propoem subornos, conseguindo assim desvendar um mega escândalo de corrupção no futebol africano, envolvendo 77 árbritos ganeses e de outros países africanos, bem como o presidente da Federação Ganesa de Futebol, Kwesi Nyantakyi.

Este documentário culminou na suspensão de mais de 50 árbitros africanos pela Confederação Africana de Futebol e na demissão do presidente da Federação Ganesa, após três meses de suspensão pela FIFA, dado que ele foi filmado com potenciais investidores - que na realidade eram os próprios jornalistas - propondo-lhes contratos mirabolantes com o governo do Gana a troco de milhões de dólares.

Posteriormente, o deputado do partido no poder Kennedy Agyapong, citado no documentário, divulgou num canal de televisão privado a fotografia de Ahmed Husein-Suale e "prometeu uma recompensa a quem o espancásse", acrescentando que ele "vivia em Madina e era muito perigoso, por issso quem o visse deveria partir-lhe as orelhas e espancá-lo".

O jornalista apresentou então queixa na justiça mas nenhuma acção foi tomada pelas autoridades, que no entanto depois do seu assassínio e após a denúncia da Comissão Nacional de Imprensa decidiram abrir um inquérito.

O advogado de Ahmed Husein qualificou esta quinta-feira (17/01)  de "irresponsáveis e criminosas" estas declarações, acusou o deputado de incitação ao crime e denunciou a ausência de reacção das autoridades face a estas ameaças e

Anas Aremeyaw Anas fundador da Tiger Eye, que dissimula a sua aparência pois já foi várias vezes ameaçado de morte, reiterou esta quinta-feira (17/01) que este bárbaro assassínio de um "excelente e experiente jornalista de investigação não os reduzirá ao silêncio".

O Gana figura em 23° lugar em 180 países na classificação sobre o índice mundial 2018 da liberdade de imprensa estabelecido pena ONG Repórteres Sem Fronteiras.

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