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Economias

A horta e o bestiário de Bordallo Pinheiro em Paris

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Couves, tomates, abóboras, sardinhas, sardões, sapos e andorinhas. Vegetais e bichos transformados em travessas, jarros, bilhas ou pratos de cores vivas e brilhantes. O universo naturalista da marca de cerâmica Bordallo Pinheiro chegou a Paris com a abertura da primeira loja.

Loja da Bordallo Pinheiro em Paris.
Loja da Bordallo Pinheiro em Paris. Carina Branco/RFI
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A horta e o bestiário naturalistas de Rafael Bordallo Pinheiro chegaram a Paris com uma loja no luxuoso Boulevard Saint-Germain. Uma segunda loja está prevista, em breve, no Boulevard du Temple.

As faianças exuberantes criadas por Rafael Bordallo Pinheiro, um génio criativo da cultura portuguesa oitocentista, regressam, assim, a Paris, berço do naturalismo, 130 anos depois de o artista ter feito história nesta cidade. Um simbolismo destacado pelo administrador da empresa, Nuno Barra.

O Bordallo Pinheiro, em 1889, no ano da inauguração da Torre Eiffel e da grande Exposição Universal, ele foi convidado pelo governo português para fazer o Pavilhão de Portugal da Exposição Universal nesse ano…Nesse ano, ele ganha o prémio de Melhor Pavilhão na Exposição Universal em Paris, ganha uma medalha de ouro pelos produtos que apresentou e ganha também uma condecoração do presidente francês de mérito cultural”, afirmou Nuno Barra.

O responsável sublinhou que “a identidade da marca está muito assente no naturalismo e na visão que o Bordallo Pinheiro tinha da cerâmica”.

Ele achava que tudo aquilo que via à sua volta , tudo aquilo com que se interagia na natureza deveria ser e poderia ser transformado em cerâmica. Essa é a géese da marca. A partir daí foi desenvolvendo algumas peças que são icónicas hoje em dia, como a linha de couves, as andorinhas, os peixes, as abóboras, o tomate”, continuou.

Hoje, além da reedição de faianças criadas por Bordallo Pinheiro, a marca cria outras peças “dentro do naturalismo mas aos olhos dos dias de hoje”, ou seja, “o ponto de partida é: Se o Bordallo fosse vivo, que peças é que ele faria hoje?”.

A marca, criada em 1884, está a apostar na expansão internacional, mas chegou a estar à beira da falência. Vítor Formiga acompanhou tudo nos últimos 37 anos. É o mestre da modelagem da fábrica Bordallo Pinheiro nas Caldas da Rainha, realizou uns milhares de modelos e veio a Paris mostrar que o trabalho é mesmo manual e minucioso.

“Primeiro nasce o desenho, a seguir ao desenho é feito o modelo. Do modelo tiramos o molde original que vai secar dois ou três dias numa estufa à temperatura de 45 graus. Depois de estar seco, deita-se a berbetina dentro, que é a pasta líquida, ganha uma parede e fica a peça feita. Depois de retirada do molde, vai ter que ser acabada: retirar as costuras, fazer o acabamento, secar e cozer. Vai ficar em terracota. Vai então para a secção da pintura e vai outra vez ao forno para cozer o vidro”, descreveu Vítor Formiga, respondendo que é um processo total que demora “mês e meio ou dois meses”.

Entre poesia rústica e modernidade estética, o universo naturalista e popular de Bordallo Pinheiro promete decorar as mesas francesas.

Veja aqui a apresentação do trabalho de Vítor Formiga

 

Veja aqui o convite de Nuno Barra, administrador da Bordallo Pinheiro.

 

Veja aqui algumas imagens da loja parisiense

 

 

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