Mães da Praça de Maio ganham prêmio de paz da Unesco

A ONG argentina "Mães da Praça de Maio" é homenageada nesta quarta-feira, em Paris, com o prêmio Félix Houphouët-Boigny pela promoção da paz atribuído pela Unesco. “Gostaria de expressar a imensa emoção que eu sinto em nome de todas as avós e mães. Há 34 anos que nós lutamos penasndo na construção da democracia para a verdade, justiça e memória”, declarou durante uma entrevista coletiva a presidente da ONG, Estela de Carlotto.

Mães da Praça de Mayo. Flickr/par subcomandanta

Criada em 1977 por familiares e amigos de pessoas desaparecidas durante o governo militar do país (1976-1983), a ONG se mobiliza para encontrar crianças de opositores ao regime, normalmente nascidas na prisão, que foram separadas de seus pais e entregues a pessoas ligadas ao regime.

A Associação identificou 105 crianças sequestradas e adotadas durante a ditadura de um conjunto aproximado de 500 casos. De acordo com organizações de defesa dos Direitos Humanos, mais de 30 mil pessoas desapareceram durante os “anos de chumbo” na Argentina.

"Nossa única intenção era de transmitir esta história que é importante para a humanidade. É um grande orgulho para nós termos ajudado essas crianças a encontrar suas famílias, este é nosso maior prêmio”, afirmou Estela de Carlotto. "Mas este prêmio ( da Unesco) vai nos dar ainda mais força para nosso combate", acrescentou.

Algumas das pessoas que reencontraram suas famílias foram convidadas para assistir à entrega do prêmio na tarde desta quarta-feira na sede da Organização da ONU para educação, ciência e cultura sediada na capital farncesa.  A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, em visita oficial a Paris, também deverá prestigiar a cerimônia.

O prêmio Félix Houphouët-Boigny, nome do primeiro presidente da Costa do Marfim após a independência do país, foi criado em 1989 e é entregue todos os anos e tem um valor de 150 mil dólares. O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o prêmio em 2009. Outros líderes internacionais homenageados  foram os ex-presidentes Nelson Mandela, da África do Sul e Jimmy Carter, dos Estados Unidos.