Anunciado acordo sobre BPI

Foi anunciada ontem a obtenção de um acordo sobre o BPI, Banco Português de Investimento, entre os seus investidores, a empresária e filha do Presidente angolano, Isabel dos Santos e o grupo espanhol CaixaBank, ao fim de cerca de um ano de impasse quanto à forma desta entidade regularizar a sua situação de modo a deixar de estar exposta a Angola, país que de acordo com o Banco Central Europeu não tem uma supervisão bancária equivalente à da União Europeia.

Isabel dos Santos, mulher mais rica do continente Africano. DR

Não se conhecem os detalhes da transacção, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários tendo anunciado a suspensão da negociação das acções do Banco BPI até à divulgação das informações completas sobre as modalidades do acordo, um acordo sobre o qual desde já o Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa considerou que "não teria sido possível sem a intervenção de todos, privados, entidades reguladoras e poder político".

Nos moldes até agora em vigor, a empresária angolana detinha um pouco mais de 20% de participações no BPI e o CaixaBank controlava 44% mas tinha apenas um exercício de voto limitado a 20%, o que bloqueava muitas das suas iniciativas. Uma das hipóteses aventadas na imprensa quanto ao acordo de ontem é que o grupo espanhol compre a participação de Isabel dos Santos no BPI. Em troca, a empresária angolana fica em posição mais confortável no seio do BFA, Banco de Fomento Angolano, instituição onde o BPI detém acções. Contudo, até agora, este cenário não passa de uma mera hipótese.

Jorge Costa, co-autor do livro "Os donos angolanos de Portugal", dá conta de uma certa preocupação com as consequências que o acordo selado ontem poderá ter sobre o sector bancário português. Com efeito, com a limitação do seu exercício de voto no seio do BPI, o Caixabank via igualmente limitada a sua latitude de acção para uma eventual compra do "Novo Banco", antigo Banco Espírito Santo. Com uma eventual mudança de estatutos no seio do BPI, fica aberta a possibilidade do grupo espanhol concorrer para a compra do "Novo Banco", o que do ponto de vista de Jorge Costa pode ser "uma péssima notícia para a banca portuguesa".

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Jorge Costa, co-autor dos livro "Os donos angolanos de Portugal"