Angola : HRW pede investigação à morte de um rapaz de 14 anos
A Human Rights Watch (HRW) pediu hoje uma investigação "imediata e imparcial" à morte de um rapaz de 14 anos, alegadamente atingido a tiro em Luanda por militares durante um "protesto pacífico" contra a demolição de mais de 600 casas que desde finais de Julho deixaram ao relento mais de 2500 famílias.
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Rufino tinha 14 anos e foi morto a tiro por um militar quando participava em protestos contra a demolição de casas no bairro onde morava, em Zango II, perto de Luanda, uma zona em que as casas estão a ser demolidas pelo Governo.
Rufino Marciano António participava nos protestos de sexta-feira passada, dia 5 de Agosto, quando foi alegadamente atingido por um disparo de um militar do Posto de Comando Unificado.
As demolições começaram a 30 de Julho, na zona Zango III, e devem continuar. Os moradores do bairro de Walale foram notificados de um prazo de 15 dias para abandonarem as suas residências.
A UNITA, maior partido da oposição angolana, exige o pagamento de indemnizações e a restituição dos bens das populações desalojadas.
A organização não governamental Human Rights Watch apelou para que o caso fosse investigado e denuncia “o uso desnecessário de força letal pelas forças de segurança”.
"Não me surpreende o facto de alguém ter morrido. Quando se usam balas reais durante uma manifestação, o risco que existe é que alguém possa ser atingido e perder a vida. É lamentável que, neste caso, tenha sido uma criança de 14 anos desarmada. O que nós esperamos das autoridades angolanas é que primeiro se investigue o que é que levou os soldados a abrirem fogo naquela manifestação pacífica, que os responsáveis sejam levados a tribunal e que se tomem medidas para evitar que casos semelhantes aconteçam no futuro", afirmou Zenaida Machado, analista para África da ONG Human Rights Watch.
A casa da família de Rufino ainda não foi demolida, mas faz parte das cerca de 625 que vão desaparecer para dar lugar a um projecto comercial, industrial e agrícola de desenvolvimento da Zona Económica Especial Luanda-Bengo, aprovada por decreto pelo Presidente angolano.
O pai de Rufino Marciano António, Marcelino Rufino António, contou que a família não tem condições financeiras para pagar o funeral e conversou com o Rede Angola sobre os sonhos do filho – estudar e um dia ser polícia.
Zenaida Machado, analista para África da ONG Human Rights Watch
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