"A estratégia do regime, sabendo que vivemos num regime ditatorial, a meu ver, passa por intimidação", descreveu o activista angolano, José Gomes Hata, que faz parte dos 15+2 activistas detidos durante seis meses em 2015.
O grupo de sete activistas detidos ontem tem vindo a desenvolver actividades activas e a promover manifestações; "o grupo protestava contra a falta de transparência sobre as eleições que se aproximam, e atendendo a crise que vivemos muitos protestos vinham a caminho" prossegue o activista.
A condenação a 45 dias e 60.000 kwanzas destes activistas é vista por José Gomes Hata como uma forma de "o regime passar a mensagem de que não vai ceder e que continua duro para com todos os que enveredem sair à rua".
No julgamento sumário de ontem, não houve tempo para instauração de processos, o Tribunal nomeou um advogado oficioso; "não havia irregularidade do ponto de vista do advogado de defesa. Não passa mais de um teatro montado. Quando estávamos presos, tentaram fazer o mesmo comigo", descreve o activista angolano que faz parte dos 15+2 activistas detidos em 2015.
Para o dia 24 de Abril está convocada uma manifestação para reivindicar algumas dívidas que o ministério da Administração do Território tem para com cerca de 600 colaboradores que participaram na realização do Censo 2014, mas existem ainda outros protestos agendados em Angola como é o caso "das greves dos professores e ainda greves na própria Procurador-Geral da República (PGR). São crises que levam as pessoas à rua e que o nosso regime tenta colmatar de forma repressiva", afirmou José Gomes Hata.
Ainda em Angola, decorreu ontem uma audiência sobre a apreensão de 881 discos de música e poesia provenientes de Portugal. O chefe da delegação aduaneira no Terminal de Cargas, Anline Lufuangula, avançou que "a mercadoria está apreendida por se tratar de conteúdo subversivo que representa riscos para o Estado Angolano".
O álbum "15+2+Nós" junta artistas angolanos, brasileiros, moçambicanos e portugueses num tributo aos 15 activistas detidos em 2015 sob acusação de preparação de golpe de Estado e tentativa de assassínio do Presidente angolano José Eduardo dos Santos.