O realizador luso-angolano João Viana tem dois filmes filmados em Moçambique no Festival de cinema de Berlim. Tratam-se da curta-metragem Madness, e da longa Our Madness. Ele revela o advento de um novo produtor de filmes africanos, o Qatar e confessa o seu interesse pelo Brasil.
Pela segunda vez, o realizador angolano João Viana consegue ter dois filmes selecionados no Festival Internacional de Cinema de Berlim, tratando do mesmo tema, mas com formatos diferentes, um sendo curta-metragem e o outro uma longa.
Há quatro anos, trouve da Guiné Bissau os dois filmes Tabatô e A Batalha de Tabatô, um versão ficção e a outra documentário, ganhando uma menção especial.
Para João Viana, os maus efeitos do colonialismo fazem-se sentir fortemente também no cinema, sempre carente de financiamento. E isso obriga a que os talentos sejam forçados a optar pela diáspora.
Os emigrantes africanos vão à Europa buscar dinheiro para as suas famílias e, igualmente, os realizadores africanos de filmes buscam no exterior o financiamento para os seus filmes sobre o continente negro.
Geralmente o dinheiro vem da Europa, mas João Viana revela um outro país interessado em financiar o cinema africano: o Qatar, com o apoio do qual contou na realização dos seus fois filmes. "Vamos buscar dinheiro fora" para os filmes, através da diáspora".
Embora não tenha ainda trabalhado no Brasil, sente-se também tentado pelo gigante sul-americano, pois o futuro do cinema africano está na Europa, Ásia e Brasil, diz ele.
E cita o órgão brasileiro de financiamento de cinema a Ancine. O momento favorece o cinema dos países emergentes, acentua João Viana, e as conexões de financiamento estão atentas.
Para João Viana nem o formato mais lento dos filmes é um obstáculo a uma participação maior dos profissionais de cinema africano e português no Brasil.
Ele acredita que o público brasileiro saberá gostar dos filmes mais intimistas e mais criativos que os africanos podem oferecer.
Depois do Festival, João Viana terá uma residência artística em Berlim, até o final do ano.
Será o momento de voltar a Angola, ele que está baseado sobretudo em Lisboa. Angola onde fará seu próximo filme.
"A nossa vida é um bocadinho (de) saltimbanco", conclui o realizador.
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