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Angola

MPLA: sai José Eduardo dos Santos, entra João Lourenço

Tem decorrido hoje em Luanda o 6° Congresso extraordinário do MPLA, partido no poder em Angola, um congresso durante o qual os mais de 2500 delegados e convidados presentes viraram oficialmente a página José Eduardo dos Santos. Após quase 40 anos na liderança do partido, dos quais 38 também como Presidente do país, José Eduardo dos Santos, 76 anos, passou o testemunho para o seu sucessor, o actual Presidente de Angola, João Lourenço, único candidato ao cargo, que foi eleito com 98,59% para a liderança do MPLA.

Presidente do MPLA e de Angola, João Lourenço e o seu antecessor em ambos os cargos, José Eduardo dos Santos, durante o congresso extraordinário do MPLA este 8 de Setembro em Luanda.
Presidente do MPLA e de Angola, João Lourenço e o seu antecessor em ambos os cargos, José Eduardo dos Santos, durante o congresso extraordinário do MPLA este 8 de Setembro em Luanda. Lusa
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Na sequência de vários meses de questionamentos sobre as complicações induzidas por uma bicefalia no poder, José Eduardo dos Santos, que assumiu a chefia do partido em 1979 após a morte de Agostinho Neto, primeiro Presidente de Angola, deixou este sábado a política activa, tal como o tinha dado a entender em 2016, tendo em seguida confirmado este intento durante uma reunião do Comité Central do partido no passado 25 de Maio. Na altura, disse que "tudo o que tem um começo tem um fim".

Com um balanço contrastado, alguns insistindo sobre o facto de ter alcançado a paz em 2002 e outros referindo que a economia do país ficou minada pela corrupção, na sua última intervenção enquanto líder do MPLA, José Eduardo dos Santos despediu-se assumindo ter cometido erros. “Não existe qualquer actividade humana isenta de erros, e assumo que também os cometi. Os erros são partes integrantes de aperfeiçoamento, por isso se diz que aprendemos com erros" admitiu o doravante Presidente emérito do MPLA, referindo por outro lado que "sai de cabeça erguida".

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José Eduardo dos Santos em declarações recolhidas pelo correspondente da RFI, Daniel Frederico

Por seu turno, o seu sucessor, João Lourenço, que foi eleito com os votos de 2.309 delegados sobre um total de 2.448 representantes provenientes das 18 províncias do país, colocou "a luta contra a corrupção, o nepotismo e a bajulação" como sendo as suas prioridades. A chefiar o país há um ano com este mesmo imperativo, João Lourenço conduziu várias mexidas nos últimos meses em todas as instituições públicas. Os filhos do antigo Presidente José Eduardo dos Santos também foram alvo destas mexidas, nomeadamente Isabel dos Santos, demitida do cargo de Presidente do Conselho de Administração da Sonangol no passado mês de Novembro e José Filomeno de Sousa dos Santos, exonerado em Janeiro da chefia do Fundo soberano de Angola.

Neste sentido, no seu primeiro discurso na qualidade de Presidente do MPLA, ao recordar o lema do conclave “MPLA com a força do passado e do presente, construamos um futuro melhor”, João Lourenço declarou que "nesta cruzada de luta, o MPLA deve ser o primeiro, mesmo que os primeiros a tombar sejam militantes ou mesmo altos dirigentes do partido, que tenham cometido crimes, ou pelo seu comportamento social estejam a sujar o bom nome do nosso partido".

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João Lourenço em declarações recolhidas pelo correspondente da RFI, Daniel Frederico

De referir que neste processo que o próprio Presidente do partido qualifica "de transição", os delegados elegem também o seu novo Bureau Político bem como os membros do seu Secretariado Nacional. A renovação dos órgãos da formação política e em particular das entidades directivas tem levantado questionamentos sobre a possibilidade de se salvaguardar a unidade do MPLA, outro dos desafios que, segundo analistas, se colocam a João Lourenço.

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