Angola nega estar a perseguir congoleses
O ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Domingos Augusto, disse que a "Operação Transparência", que combate o garimpo ilegal em sete províncias, não é dirigida a congoleses e pretende travar a exploração indevida de diamantes. O chefe da diplomacia angolana termina, este domingo, a visita de trabalho de três dias a Moçambique.
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O ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Domingos Augusto, justificou a "Operação Transparência" como um travão à exploração indevida de diamantes e acusou as organizações não-governamentais de quererem tirar proveito da situação.
"Esta operação visa atacar os fundamentos do garimpo ilegal de diamantes e de outros recursos naturais que temos naquela região. Esta é uma ocasião para desmistificar uma campanha internacional que a nosso ver é movida pelas redes de tráfico de diamantes que se sentem afectadas. Nós não dirigimos esta operação nem contra os imigrantes em geral, nem contra nenhuma nacionalidade em particular", declarou Manuel Domingos Augusto, em Maputo, no final de um encontro com o homólogo moçambicano, José Pacheco.
"As ONG's, que estão sempre à espera de desgraças em África para poderem ganhar dinheiro, começam a criar a imagem de que há uma crise humanitária. Já se começa a falar que precisam de milhões para atender crianças que estão a ser deportadas massivamente. Mas, o Governo angolano tem consciência do que está a fazer", acrescentou.
Manuel Domingos Augusto, Ministro das Relações Exteriores de Angola
A “Operação Transparência” começou a 25 de Setembro, decorre em sete das 18 províncias do país - Lunda Norte, Lunda Sul, Moxico, Bié, Malanje, Cuando Cubango e Uíje – e vai ser estendida a mais quatro províncias - Luanda, Bengo Cuanza Norte e Zaire.
De acordo com o ministro, desde o início da operação 400 mil imigrantes ilegais congoleses foram repatriados e “a operação policial vai continuar” até ser retirado “o último garimpeiro ilegal".
Na semana passada, o Conselho Norueguês para os Refugiados alertou para os "graves problemas" que se vivem na província do Kasai, no sul da República Democrática do Congo, depois da expulsão de cerca de 360.000 cidadãos em Outubro.
Em Outubro, a agência da ONU para os refugiados alertou para a alegada saída forçada de Angola de cerca de 200.000 congoleses. Philippa Candler, representante do alto comissariado da ONU para os refugiados em Angola, referiu que a RDC não tem condições para receber estes cidadãos.
A República Democrática do Congo já se pronunciou sobre o alerta da ONU e revelou que está a realizar "investigações" ao sucedido. Além disso, Kinshasa deu dois meses aos angolanos ilegais para abandonarem o país.
Angola e RDC partilham 2.500 quilómetros de fronteira terrestre, a mais longa em África.
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