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Brasil/Copa das Confederações

Copa das Confederações revela despreparo do Brasil

Brasil e Japão fazem a primeira partida do torneio neste sábado, às 16h00, em Brasília. A cidade, porém, ainda passa por obras de locomoção e sofre com a precariedade do sistema de transporte. As outras cinco sedes do evento teste da Fifa também apresentam problemas.  

Torcedores foram à reinauguração do estádio Maracanã, no Rio de Janeiro, que foi entregue sem estar completamente pronto.
Torcedores foram à reinauguração do estádio Maracanã, no Rio de Janeiro, que foi entregue sem estar completamente pronto. REUTERS/Sergio Moraes
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Gustavo Ribeiro, em colaboração para a RFI

Em sua nona edição, a Copa das Confederações serve, em seu modelo atual, como um teste para o país-sede da Copa do Mundo. Realizada um ano antes do evento principal, ela permite aos anfitriões analisarem os desafios para sediar um dos maiores eventos esportivos do planeta. Antes mesmo de a bola rolar no Brasil, alguns problemas já prejudicam a imagem do país. O atraso nas obras dos estádios – sem contar o preço delas – é o mais evidente. O Maracanã, por exemplo, que será palco da final, ainda recebe retoques, a dois dias do início da competição.

Para o consultor em marketing e gestão esportiva Amir Somoggi, os estádios, porém, são o menor dos problemas. “Apesar dos atrasos, os jogos serão realizados sem grandes dificuldades. Mas os benefícios para a cidade, em termos de infraestrutura urbana, mobilidade e facilidades turísticas, não serão possíveis. Pagamos o preço de planejar e executar mal”, comenta.

Em Brasília, palco da estreia do torneio, no jogo entre Brasil e Japão (sábado, 16h00), o despreparo do poder público ficou evidente. O governo começou a realizar obras para facilitar o acesso do aeroporto ao Plano Piloto, região central da capital, às vésperas do evento. As obras naturalmente complicam o trânsito, e a viagem do Estádio Nacional ao Aeroporto Juscelino Kubistchek, que durava em média 20 minutos, dura agora pelo menos uma hora.

A partida entre Brasil e Japão será a chance de verificar se os problemas encontrados nas duas primeiras partidas no Estádio Nacional vão se repetir. Houve confusão com os lugares marcados nas cadeiras e faltou água nos banheiros.

Outros erros mostram um certo amadorismo na realização do evento. Em uma placa localizada numa das principais vias de acesso ao estádio, lê-se Setor Hoteleiro Norte. A tradução para o inglês, porém, diz “Southern Hotel Sector”, ou seja, Setor Hoteleiro Sul. O erro virou piada nas redes sociais. “Esse tipo de equívoco, apesar de não ter um impacto grave no sucesso do evento, é terrível em termos de imagem. Falou-se muito que a Copa alavancaria a imagem do Brasil. Ela traz muita visibilidade, é verdade, mas essa visibilidade, se não for bem aproveitada, pode piorar nossa imagem no exterior”, afirma Somoggi.

Brasília também sofre com a falta de uma rede eficaz de transporte urbano. As duas únicas linhas de metrô da cidade atingem apenas metade da região central da capital. E a quantidade de ônibus não consegue suprir a demanda local.

Outro problema são os preços dos hotéis. A diária cobrada pela suíte padrão pode chegar a 600 dólares. “Esse preço é impraticável em outros países. Falta muito ainda para termos um serviço de qualidade e num preço aceitável”, completa o consultor.

Teste limitado

A Copa das Confederações é um teste para a organização do evento. O governo faz questão de afirmar que o sucesso na realização dela chancelaria o país para receber a Copa do Mundo, no ano que vem. Para Amir Somoggi, entretanto, é preciso analisar o evento que começa neste sábado com menos entusiasmo. “A Fifa vê a Copa das Confederações como uma preparação da parte esportiva. Como as delegações vão se instalar, a qualidades dos estádios, a acomodação da imprensa. Ela não leva em conta, porém, a parte do evento que acontece fora dos estádios, ou seja, o acolhimento aos milhões de turistas que virão”, explica.

No evento teste, apenas oito seleções vão jogar, em seis sedes. Na Copa do Mundo, serão 32 equipes jogando em 12 cidades. Não dá para comparar. E, pelo retrato atual, é difícil imaginar que não haverá problemas em 2014. “O Brasil vai resolver os problemas de trânsito com feriados em dias de jogos e outras soluções pontuais. Isso quer dizer que a Copa ocorrerá de forma satisfatória, mas sem o famoso ‘legado’ do qual tanto se falou. Focamos muito em estádios e esquecemos do resto. E, mesmo nesse caso, gastamos sete vezes mais que a Alemanha gastou com estádios para 2006, e as nossas arenas não são tão modernas quanto as deles”, lamenta o especialista. Outro fator que dificulta a comparação entre os dois eventos é o fato de que 70% dos ingressos foram comprados por moradores das cidades onde os jogos ocorrerão.

O primeiro jogo da competição acontece entre Brasil e Japão, no sábado, às 16h00, pelo horário de Brasília. É a primeira competição oficial da seleção sob o comando do técnico Luiz Felipe Scolari.
 

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