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Brasil/ JMJ

Papa Francisco realiza missa para fiéis em Copacabana

Diante de 1 milhão de fiéis católicos, o papa Francisco realizou nesta quinta-feira a sua primeira missa pública no Rio de Janeiro, na orla de Copacabana. O pontífice saudou os jovens do mundo inteiro que participam da Jornada Mundial da Juventude, em discursos focados na espiritualidade e na fé. Antes de assumir a Festa da Acolhida, ele desfilou a bordo do papamóvel do Forte de Copacabana até o Leme, abençoando os fiéis e pegando nas mãos dos que se aproximavam.

Papa percorreu a orla de Copacabana a bordo do papamóvel.
Papa percorreu a orla de Copacabana a bordo do papamóvel. REUTERS/Pilar Olivares
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Da enviada especial ao Rio de Janeiro

As festividades se iniciaram às14h (19h em Paris), com a apresenção de cantores e grupos musicais católicos. No final da tarde, o papa desembarcou de helicóptero no Forte de Copacabana, subiu no papamóvel e seguiu até o Leme, onde estava instalado o palco. No trajeto, sem tirar o sorriso do rosto, ele aceitou e bebeu o mate presenteado por um fiel e trocou o seu solidéu – espécie de chapéu que o papa utiliza – por um oferecido por outro peregrino, que recebeu o original do pontífice de volta.

Em seu discurso, Francisco lembrou da primeira Jornada Mundial da Juventude internacional, realizada em 1987, em Buenos Aires. “Guardo vivas na memória estas palavras do Bem-aventurado João Paulo II aos jovens: Tenho muita esperança em vocês”, afirmou. “Nesta semana, o Rio se torna o centro da Igreja, o seu coração vivo e jovem, pois vocês responderam com generosidade e coragem ao convite que Jesus lhes fez de permanecerem com Ele.”

Na plateia, bandeiras de diversas nacionalidades tremulavam nas mãos dos peregrinos, apesar da chuva e do vento. No total, 175 nacionalidades se inscreveram para o evento, iniciado na terça-feira. Devido ao aperto em meio à multidão, muitas pessoas passaram mal ou desmaiaram.

“A vocês, aqui congregados dos cinco Continentes e, por meio de vocês, a todos os jovens do mundo, particularmente aqueles que não puderam vir ao Rio de Janeiro, mas estão em ligação conosco através
do rádio, televisão e internet, digo: bem-vindos a esta grande festa da fé”, disse Francisco. Ele permaneceu sentado no centro do palco durante o restante da programação teatral e musical, e recebeu agradecimentos e presentes de peregrinos de vários países.

Num segundo discurso, conlamou mais uma vez os jovens a darem menos importância aos bens materiais e a se consagraem mais a Deus. “Bote fé”, afirmou, mesclando expressões coloquiais com citações bíblicas.

Mudança na programação

Nesta quinta-feira, a organização da Jornada Mundial da Juventude anunciou a mudança do local da vigília de sábado para domingo e a missa de encerramento do evento, na manhã de domingo. Elas aconteceriam no Capus Fidei, em Guaratiba, a cerca de 40 quilômetros do centro do Rio de Janeiro, e agora serão realizadas em Copacabana. As chuvas dos últimos dias deixaram o lugar alagado e coberto de lama. O comitê de organização pede que os fiéis não durmam na praia, onde não há estrutura.

O prefeito Eduardo Paes confirmou a alteração na programação. "Tomamos a decisão de cancelar por causa das chuvas intensas desde segunda-feira e como tem vigília, sob o ponto de vista de saúde, colocaria pessoas em risco", afirmou, em coletiva de imprensa no Centro de Operações da Prefeitura.

O terreno, solicitado pela organização do evento, havia sido escolhido pela administração municipal, que realizou obras no local e instalou um gigantesco palco e estrutura para serviços, alimentação, banheiros e imprensa, num valor não divulgado. Tradicionalmente, os jovens peregrinos realizam uma vigília após uma longa caminhada, razão pela qual a jornada acontece sempre em dois locais distintos. O prefeito do Rio pediu “compreensão” aos moradores de Copacabana, que ao invés de receber dois dias de eventos para a jornada, terá o dobro.

Nesta sexta, o pontífice vai receber a confissão de nove detentos na Quinta da Boa Vista, e depois encontra-se com adolescentes infratores no Palácio São Joaquim. Ele almoça com dois jovens no local. No final da tarde, a bordo do papamóvel, vai percorrer a orla de Copacabana, onde assiste a encenação da Via-Sacra.

Corrupção e desigualdades

Pela primeira vez desde que chegou ao Brasil, o papa Francisco fez hoje alusão às manifestações que acontecem no país desde junho. Nesta manhã, o pontífice foi recebido por milhares de fiéis católicos da favela de Varginha, na zona norte do Rio de Janeiro. A comunidade foi pacificada no ano passado depois de anos de violência e tráfico de drogas.

Em seu discurso, o Santo Padre incentivou os jovens a continuarem lutando contra a corrupção. “Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício”, disse.

“Nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar.” Neste contexto, o papa pediu aos jovens serem “os primeiros a praticarem o bem”, e “não se acostumarem com o mal”.

Antes de subir ao palo improvisado em um campo de futebol, Francisco beijou e apertou as mãos de dezenas de moradores, abençou outras diversas crianças, em um contato direto com a população que causou euforia na comunidade. Mais uma vez, o tempo não colaborou e a atividade aconteceu sob a chuva mas o papa não parecia se preocupar em se molhar.

Ele fez uma breve oração na Capela São Jerônimo Emiliani e seguiu, a pé e em meio aos fiéis, ao palco. No discurso, o pontífice encorajou “os esforços da sociedade brasileira” para o “combate à fome e à miséria”. Mas afirmou que “nenhum esforço de pacificação” nas favelas será “duradouro” em uma “sociedade que ignora as periferias”.

“Nenhum esforço de pacificação será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona naperiferia parte de si mesma”, declarou. O papa pediu às autoridades públicas e “a todos que possuem mais recursos” a “não cansarem de trabalhar por um mundo mais justo e solidário”. Ele elogiou a solidariedade que existe nas comunidades mais pobres, afirmando que “sempre se pode colocar mais água no feijão” na casa do brasileiro.

Ainda nesta quinta-feira, o papa esteve no Palácio da Cidade, para abençoar as bandeira olímpicas e paralímpicas,.encontrou-se com peregrinos argentinos, na Catedral Metropolitana.

Protestos

Um grupo de cerca de 400 manifestantes protestou na noite de quinta em frente ao apartamento do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e em outras ruas do bairro Leblon. Eles pedem a saída do governador. A mobilização era pacífica, e por volta das 21h (2h em Paris) se deslocaram em direção à praia de Copacabana, onde ainda ocorria a Festa da Acolhida.
 

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