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Guiné-Bissau

Guiné-Bissau na rota dos fluxos financeiros ilícitos

Mais de 50 mil milhões de dólares saem todos os anos de forma ilícita da África ocidental, praticamente o dobro do que o continente recebe em ajuda para o desenvolvimento. A Guiné-Bissau é uma das rotas desses fluxos de capitais, enquanto Cabo Verde é um exemplo de como evitar esses desvios.

Imagem de Arquivo.
Imagem de Arquivo. SEYLLOU SEYLLOU / AFP
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A OCDE lançou, esta terça-feira, em Paris, o relatório “Fluxos Financeiros Ilícitos: A economia do comércio ilícito na África Ocidental”, no qual revela que pelo menos 50 mil milhões de dólares saem de África todos os anos em fluxos ilícitos de capitais, mais do dobro do que o continente recebe em ajuda para o desenvolvimento.

A Guiné-Bissau surge no estudo como “uma rota, seja de origem, seja de trânsito, de vários e não de apenas um fluxo financeiro ilícito”, nomeadamente os fluxos associados “ao tráfico de droga, ao tráfico de armas, mas também ao tráfico de seres humanos”, de acordo com Jorge Moreira da Silva, diretor geral de desenvolvimento e cooperação da OCDE.

Na origem desta situação na Guiné-Bissau estão “muitos anos de situações de Estado de enorme fragilidade”, nomeadamente “um Estado de direito que não foi sendo construído na sua plenitude”, a fragilidade no sistema de justiça e no sistema de segurança e “uma estratégia de desenvolvimento económico que não gerou benefícios para as populações”.

Cabo Verde "aparece como não estando associado a fluxos financeiros ilícitos", sendo um "bom exemplo", graças à "sua estratégia de desenvolvimento económico, social e ambiental", pelo "sistema político e pelo Estado de direito".

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Jorge Moreira da Silva, OCDE

A conclusão do relatório “é que é necessário trabalhar em parceria para resolver este problema” porque ainda que a origem dos fluxos financeiros ilícitos possa estar ligada aos países com mais vulnerabilidades, o seu destino está associado a países ricos.

Uma parte do destino destes recursos financeiros são países ricos, são países da União Europeia, são países da OCDE. Portanto, não vale a pena ter uma perspectiva moralista do norte para o sul, apontando o dedo. É necessário trabalharmos em conjunto”, acrescentou Jorge Moreira da Silva.

O documento pretende, ainda, mostrar a gravidade da situação do ponto de vista dos fluxos financeiros e a sua relação com o desenvolvimento nos países em que opera.

Se é verdade que são os países mais pobres, são as situações de desenvolvimento mais frágil que proporcionam os fluxos financeiros ilícitos, é igualmente verdade que os fluxos financeiros ilícitos são também um acelerador do empobrecimento dos países”, acrescentou o responsável da OCDE.

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