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Economia/ Europa

Eurocéticos ameaçam acordos de livre comércio

A ascensão dos chamados eurocéticos no Parlamento europeu pode esfriar as esperanças do acerto de um acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. Os conservadores mantêm a maioria dos assentos no Parlamento, seguidos pelos social-democratas. Mas os partidos contrários à comunidade europeia conseguiram eleger 140 deputados, de um total de 766 parlamentares.

Michael Froman (e), comissário de comércio americano, Sigmar Gabriel, ministro alemão das Finanças e Karel De Gucht (d), comissário de comércio da União Europeia, durante negociação sobre o tratado de livre comércio entre a UE a os EUA, no início de maio.
Michael Froman (e), comissário de comércio americano, Sigmar Gabriel, ministro alemão das Finanças e Karel De Gucht (d), comissário de comércio da União Europeia, durante negociação sobre o tratado de livre comércio entre a UE a os EUA, no início de maio. European Comission
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Ao lado da luta contra a imigração, o acordo de livre comércio entre a União Europeia e os Estados Unidos foi um dos alvos da campanha dos eurocéticos. Eles afirmam que o tratado colocaria as normas sociais e fitossanitárias europeias em risco. O acordo está na quinta rodada de negociações e criaria a maior zona comercial do mundo.

O tratado com o Mercosul, negociado há quase 15 anos, também poderia ser prejudicado pela onda nacionalista e protecionista. Os eurocéticos veem na abertura das fronteiras uma ameaça à produção agrícola e industrial europeia.

04:12

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Mas apesar de jamais terem sido tão numerosos, os contrários à União Europeia permanecem dispersos e não devem ocupar comissões estratégicas, como afirma Franco Perroni, diretor de relações institucionais com o Parlamento europeu da EUBrasil, uma entidade de aproximação empresarial entre o bloco e Brasília. “É mais uma ameaça do que um risco. Esses novos ou reeleitos parlamentares terão de lutar para poder formar um grupo de eurocéticos. Muitos deles ficarão soltos no ar, sem se filiar a nenhum grupo específico”, observa. “Com isso, eles perdem capacidade de organização, ainda mais em relação aos órgãos que preparam os relatórios e as emendas para as votações no plenário. E o mais importante vai ser a presença deles nas comissões, em especial a de Comércio Internacional, onde serão negociados os detalhes do acordo de livre comércio com o Mercosul.”

Atualmente, são os socialistas que comandam a Comissão para o Comércio Internacional – e para Perroni, “a chance é zero” de um eurocético ocupar este cargo. Outro ponto positivo, destaca, é que será inaugurada a delegação interparlamentar para as relações com o Brasil, que vai aprofundar o diálogo entre europeus e brasileiros especificamente.

Barreira argentina

Já do lado latino-americano, a Argentina é o país que mais dificulta a diminuição das barreiras comerciais, destaca Antonio Carlos Alves dos Santos, especialista em comércio internacional da PUC-SP.

“A situação da Argentina continua complicada, apesar de a posição deles ter tido algumas alterações. Mas a verdade é que eles não estão muito dispostos a fazer acordos”, resume o professor. “E no Brasil, os partidos de oposição, principalmente o PSDB, não são muito simpáticos à ideia do Mercosul. Eles querem retomar outra discussão, que é o acordo entre as Américas e os Estados Unidos. Acho que não teremos grandes avanços no comércio internacional, devido às eleições na Europa e no Brasil.”

Alves dos Santos considera que o interesse dos países em acelerar tratados de livre comércio se acentua na medida em que outros acordos são firmados no mundo, para não se verem prejudicados nas transações internacionais.

“O acordo pode ganhar força se ocorrerem avanços no acordo negociado entre a Europa e os Estados Unidos. E esse tratado vai avançar se o acordo negociado na região do Pacífico tiver sucesso, ou seja, um acordo depende do sucesso do outro”, afirma. “Eu acho que o tratado Europa-Estados Unidos está avançando em razão da situação do acordo do Pacífico, que é um grande mercado.”

O governo brasileiro declarou que Brasília deve apresentar para os parceiros do Mercosul “até o início de junho” a proposta brasileira de acordo com os europeus. O principal ponto de discordância entre os países-membros é sobre a redução de tarifas de importação.
 

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