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Brasil/Copa 2014

Após Copa, Brasil e Fifa devem fazer autocrítica, diz candidato à presidência da entidade

Diante de tantos problemas com a organização da Copa do Mundo, como o atraso das obras e as manifestações de revolta da população, o Brasil e a Fifa deverão fazer uma avaliação após o evento para apontar as responsabilidades de cada um. A opinião é de Jérôme Champagne, candidato único, até o momento, à eleição para a presidência da Fifa em 2015. Em entrevista exclusiva à Rádio França Internacional, o ex-executivo da Federação Internacional de Futebol defendeu que o Mundial será estratégico para a imagem do Brasil e uma oportunidade para o país mostrar “o que realmente é”. 

Jérôme Champagne, candidato à presidência da Fifa em 2015.
Jérôme Champagne, candidato à presidência da Fifa em 2015. REUTERS/Suzanne Plunkett
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Com colaboração de Annie Gasnier,

“Depois da Copa do Mundo, será preciso avaliar as responsabilidades e acho que a Fifa deve repensar como ela organiza uma competição e quais deverão ser os critérios de atribuição”, afirmou Jérôme Champagne, ao se referir à conturbada organização do Mundial no Brasil, que acontece de 12 de junho a 13 de julho.

O diplomata francês de 55 anos, que já trabalhou na Embaixada da França em Brasília entre 1995 e 1997, e foi diretor da Fifa por onze anos, até 2010, não poupou críticas às autoridades brasileiras que não teriam cumprido à promessa feita à Fifa e aos próprios brasileiros.

“O Brasil tem uma grande parte de responsabilidade. Não podemos esquecer que o governo apresentou sua candidatura com a promessa que nenhum centavo, nada de dinheiro público seria investido nos estádios, baseando-se na famosa parceria público-privada”, lembrou.

“Eu estava na Fifa e pessoalmente nunca acreditei. E o que vemos, é que não somente os estádios não são da parceira público-privada, como só tem dinheiro público”, afirmou Champagne.

“Quando o presidente Lula foi receber a decisão definitiva (da atribuição ao Brasil), ele estava acompanhado de 17 governadores que não pediam 12 estádios, mas sim, muito mais. Agora, não estamos no momento de apontar os responsáveis. Depois, acho que chegar o momento de uma avaliação. E o Brasil deverá resolver seus problemas de impunidade”, disse.

“Algumas relações pessoais tiveram um papel importante, mas não é o momento de apontar as responsabilidades. Depois da Copa, avaliações deverão ser feitas”, defendeu o executivo.

Hospitais e transportes “Padrão Fifa”

Jérôme Champagne afirmou também compreender as manifestações de revolta dos brasileiros que foram às ruas antes e durante a Copa das Confederações, em 2013, para protestar contra os gastos exorbitantes do governo com estádios e outras obras para a Copa.

“São críticas normais numa democracia. São pessoas que preferem ter hospitais, estradas, escolas melhores que estádios. Nas manifestações, as pessoas pediam que esses serviços tivessem o ‘padrão Fifa’.É um país democrático e o povo tem direito de protestar”, afirmou.

“Atualmente é prioridade que a Copa do Mundo aconteça porque é estratégica para a imagem de um país, do Brasil. É importante porque é uma ocasião para o Brasil mostrar o que ele é. Por trás das manifestações, da impunidade, da corrupção, há outras coisas a serem mostradas”, garante Champagne.

“A seleção brasileira vai precisar de um povo unido fora também dos estádios. As contravérsias sobre a Copa do Mundo, a construção dos estádios, os atrasos, os problemas do superfaturamento, que é um problema muito grande no Brasil, tudo isso será discutido depois. Sessenta dias antes do início da Copa do Mundo, o tema deve ser a união”, sugeriu.

O candidato à presidência da Fifa é otimista com o comportamento dos brasileiros durante o Mundial. “O povo brasileiro vai se unir em torno da Copa do Mundo porque há um interesse geral. Mas, depois, temos que analisar qual é a responsabilidade do Brasil, qual é a responsabilidade da CBF, qual é a responsabilidade da Fifa”, insiste.

“Todos que participaram da organização da Copa do Mundo terão que fazer uma autocrítica. Acho que é fundamental não somente para o Brasil, mas também para o princípio de poder organizar grandes eventos esportivos em países democráticos”, afirmou o candidato ao posto máximo da Fifa.

Apoio de Pelé

Durante o lançamento de sua candidatura à presidência da Fifa, em janeiro, em Londres, Jérôme Champagne exibiu um vídeo de apoio de Pelé. Na entrevista à RFI, o diplomata francês lembrou que o conheceu na época em que era o Ministro Extraordinário dos Esportes.

“Para mim, o apoio do Pelé fundamental. É muito importante, mas me dá muita responsabilidade porque não posso decepcionar o ‘Rei do Futebol’”, completou.

 

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