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Direitos Humanos

Prêmio Sakharov é concedido a Malala, militante paquistanesa de 16 anos

Malala Yousafzaï, jovem militante paquistanesa pelo direito das mulheres à educação, é a vencedora do prestigioso Prêmio Sakharov do Parlamento Europeu. O anúncio foi feito nesta quinta-feira, 10 de outubro de 2013. Ela também é uma das personalidades mais cotadas para receber o prêmio Nobel da Paz, que será entregue nesta sexta-feira.

A jovem militante paquistanesa Malala Yusafzai, de 16 anos, é a vencedora do prestigioso Prêmio Sakharov.
A jovem militante paquistanesa Malala Yusafzai, de 16 anos, é a vencedora do prestigioso Prêmio Sakharov. REUTERS/Adrees Latif
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Os presidentes dos grupos políticos do Parlamento Europeu, com sede em Estrasburgo, escolheram Malala Yousafzaï, de apenas 16 anos, por unanimidade. Ela se tornou um símbolo mundial da luta contra o radicalismo depois de ter sobrevivido a um atentado dos talibãs.

"O Parlamento Europeu saúda a incrível força dessa jovem", declarou o presidente da casa, Martin Schulz, em um comunicado. "Malala defende com coragem o direito de todas as crianças à educação", um "direito frequentemente recusado às meninas", acrescentou.

Malala, que também é apontada como possível vencedora do prêmio Nobel da Paz, foi convidada para receber pessoalmente o Prêmio Sakharov em uma cerimônia em Estrasburgo no dia 20 de novembro.

Outros candidatos ao prêmio deste ano eram o americano Edward Snowden, autor das revelações sobre o monitoramento eletrônico mundial feito pelos Estados Unidos, e opositores bielorussos presos.

O Prêmio Sakharov para a liberdade de espírito recompensa a cada ano um defensor dos direitos humanos e da democracia.

Trajetória

A vida de Malala Yousafzaï mudou no dia 9 de outubro de 2012 em Mingora, uma cidade do vale do Swat, no noroeste do Paquistão. Dois assassinos talibãs entraram no ônibus que a levava à escola e atiraram em sua cabeça. Em coma, a adolescente foi transferida para o hospital de Birmingham, na Inglaterra, e só recobrou a consciência seis dias mais tarde.

Ela conta essa história em sua autobiografia "Eu, Malala" (em tradução livre), publicada nesta semana em mais de cinco línguas.

A trajetória da jovem militante política começou em 2007, quando os rebeldes islamitas fundamentalistas talibãs impõem o uso do véu no vale de Swat, que até então era uma região turística tranquila.

Inicialmente os talibãs foram apoiados por uma parte da população, decepcionada com a incompetência do Estado. Mas eles perderam esse apoio quando começaram a assassinar opositores e a proibir as meninas de irem à escola.

Com apenas 11 anos, Malala, filha de um militante pacifista e diretor de escola e de uma mãe analfabeta, escreve em um blog publicado no site da BBC em urdu, a língua nacional. Sob um pseudônimo, ele descreve o clima de terror que reina no seu vale.

O nome da menina começa a circular na região e depois em todo o país quando ele recebe o primeiro prêmio paquistanês para a paz.

Os talibãs, expulsos do vale em 2009, decidem então eliminar aquela que eles acusam de veicular "a propaganda ocidental" contra eles.

O ataque contra essa estudante, que tinha 15 anos na época, tem um efeito contrário ao pretendido pelos talibãs. O atentado chocou o Paquistão e ela se tornou famosa no Ocidente.

Atualmente Malala vive com sua família em Birmingham e coleciona prêmios internacionais. De David Beckham a Angelina Jolie, as celebridades fazem fila para se encontrar com ela.

Mas o círculos islamitas do Paquistão não veem com bons olhos a exposição midiática da jovem. Ela é considerada "um agente dos Estados Unidos", criada para corromper a juventude e propagar uma cultura anti-islâmica. Malala ainda não sabe se um dia poderá voltar ao seu país natal.
 

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