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Espanha/Monarquia

Príncipe Felipe deve assumir trono espanhol após dia 18 de junho

O governo espanhol aprovou nesta terça-feira (3) o projeto de lei orgânica para efetivar a abdicação do rei Juan Carlos – uma situação inédita desde a restauração da democracia no país, em 1978. O presidente do Congresso, Jesús Posada, garantiu que o príncipe Felipe deve assumir o trono após o dia 18 de junho.

O príncipe Felipe (E) e seu pai, o rei Juan Carlos, nesta terça-feira, 3 de junho, durante cerimônia religiosa no monastério de San Lorenzo del Escorial, em Madri.
O príncipe Felipe (E) e seu pai, o rei Juan Carlos, nesta terça-feira, 3 de junho, durante cerimônia religiosa no monastério de San Lorenzo del Escorial, em Madri. REUTERS/Sergio Perez
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O primeiro passo para a aprovação da abdicação do rei Juan Carlos, de 76 anos, deve durar várias semanas. O texto deve ser votado sob um regime de urgência pelas duas câmaras do Parlamento espanhol para que o príncipe Felipe, 46 anos, substitua o pai. O procedimento inédito será realizado devido à ausência de normas que permitam a passagem da coroa. Em 40 anos de monarquia parlamentar, a Espanha nunca estabeleceu uma lei sobre a sucessão real.

Uma data oficial para a coroação deverá ser estipulada brevemente. A imprensa espanhola aposta que a tramitação será agilizada para que Felipe possa assumir como rei após o dia 18 de junho. Os rumores foram confirmados hoje pelo presidente do Congresso, Jesús Posada.

Abdicação

Na segunda-feira (2), o rei Juan Carlos anunciou sua abdicação em favor do filho. O monarca disse considerar necessário que “uma nova geração” assuma um “papel de protagonista” na história da democracia do país. Em seu discurso, o soberano estimou que seu herdeiro tem "a maturidade, a preparação e o senso de responsabilidade necessários para assumir a liderança do Estado, e abrir uma nova era de esperança, aliando a experiência adquirida à impulsão de uma nova geração".

Na prática, Felipe herdará um país devastado pela crise econômica e o desemprego. Além disso, ele deve enfrentar o desafio de reconstruir a legitimidade da monarquia espanhola, abalada pela baixa popularidade da família real, depois dos escândalos de corrupção e tráfico de influência protagonizados pelo cunhado, Iñaki Urdangarin, e a irmã mais nova, a infanta Cristina. O próprio rei Juan Carlos contribuiu para o desgaste da imagem da realeza espanhola quando, no ápice da crise econômica, foi ao Botsuana caçar elefantes - o que revoltou a população do país.

Fim da realeza

Entre uma boa parte dos espanhóis, cresce o movimento pelo fim da monarquia. Nas redes sociais, os internautas convocaram manifestações espontâneas em mais de 40 cidades sob o slogan "Referendo já". Participam do movimento partidos de esquerda, republicanos e organizações sociais que defendem a proclamação da III República Espanhola.

Na segunda-feira à noite, milhares de espanhóis foram às ruas em todo o país em manifestações a favor da abolição da monarquia. Mesmo que a possibilidade tenha aberto uma importante discussão, na prática, são mínimas as chances para que o rei Juan Carlos entre para a história espanhola como o último de sua linha. A maioria dos partidos políticos no Parlamento apoia a coroa.

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, lembrou hoje que se os opositores quiserem modificar a Constituição para que a monarquia seja abolida, será necessário que eles recorram aos “instrumentos legais”. O chefe de Estado também ressaltou que a coroa conta com um maciço apoio de seu governo.

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