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Ucrânia/Eleições legislativas

Ucrânia deve consagrar virada pró-ocidental em eleições legislativas

A Ucrânia vai às urnas hoje para as eleições legislativas antecipadas que devem consagrar a virada pró-ocidental em um país que virou um campo de batalha geopolítica com ares de Guerra Fria. O pleito é crucial para a Ucrânia, que há quase um ano vive em polvorosa, depois que um movimento popular derrubou o presidente pró-russo Viktor Yanukovich, a região da Crimeia foi anexada pela Rússia e a oposição entre ucranianos e separatistas se degenerou em um conflito armado, que já causou mais de 3,7 mil mortes e tornou-se e opôs ferozmente Moscou e as potências ocidentais.

Soldado ucraniano deixa sessão eleitoral depois de votar neste domingo
Soldado ucraniano deixa sessão eleitoral depois de votar neste domingo ©REUTERS/Maks Levin
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Na manhã deste domingo (26), o presidente Petro Porochenko visitou em trajes militares a cidade de Kramatorsk, no leste rebelde, que foi retomada nos últimos meses pelas forças de Kiev. O gesto simbólico serviu para, de acordo com o chefe de Estado, saudar os esforços dos soldados "aos quais os ucranianos devem sua vida pacífica". De volta à capital, ele votou e disse esperar que as eleições formem "uma equipe forte e eficaz para levar adiante remormas e garantam a vitória necessária para levar a paz ao Donbass", a bacia do Donetsk, imersa no conflito armado há seis meses.

Grande abstenção

Apesar disso, na metade do dia, a eleição ainda contava com participação modesta. Apenas 20,3% dos ucranianos haviam votado, de acordo com os dados parciais divulgados pela Comissão Eleitoral. A tendência é que a abstenção supere a de 2012, quando 24% dos eleitores foram às urnas, já que 5 milhões dos 36 milhões de ucranianos registrados não poderão votar porque vivem na Crimeia, que foi anexada pela Rússia, ou em territórios dominados por separatistas.

Também por conta disso, 27 das 450 cadeiras da Assembleia ficarão vazias. A maior parte dos habitantes de Donetsk, principal bastião dos rebeldes, boicota as eleições, esperando o pleito prometido pelos separatistas para 2 de novembro.

Oposição enfraquecida

As eleições legislativas foram convocadas por Petro Porochenko desde o primeiro turno das eleições presidenciais, para virar definitivamente a página do governo de Viktor Yanukovich. O grupo político do atual chefe de Estado é favorito, com cerca de 30% das intenções de votos. Ele deverá formar uma coalizão com outras formações pró-ocidente, como a Frente Popular do primeiro ministro Arseni Iatseniuk, que é favorável a uma ofensiva mais decisiva contra os insurgentes.

Antigos aliados de Yanukovich, que levaram a maior parte das cadeiras nas legislativas de 2012, como as coalizões Ucrânia Forte e Bloco de Oposição, devem perder quase toda a representatividade. Os comunistas correm o risco de desaparecer da Assembleia. Assim que encerradas as votações, as pesquisas de boca de urna devem ser publicadas, antes da divulgação dos resultados oficiais, prevista para a madrugada.

Desafios pela frente

Os principais desafios do novo Parlamento ucraniano serão: votar reformas radicais para tirar a Ucrânia de uma recessão que foi agravada pelos conflitos no leste, lutar contra uma corrupção endêmica e aproximar o país da União Europeia, com quem Kiev assinou o acordo de associação que havia sido rejeitado por Yanukovich em 2013.

Do ponto de vista econômico, o país deverá tomar medidas draconianas de austeridade exigidas pelos credores internacionais como o FMI como condição para salvá-lo da falência, depois que a Ucrânia perdeu o apoio financeiro russo. Esta situação é agravada pelo corte no suprimento de gás da Rússia, do qual a Ucrânia é amplamente dependente.

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