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Grécia/Economia

Dívida grega deve colocar Atenas e Berlim em nova rota de colisão

Dois dias depois de um acordo com os europeus que permitiu a extensão do programa de resgate financeiro por mais quatro meses, a Grécia vê se aproximar uma nova turbulência com os colegas da zona do euro e, principalmente, com a Alemanha. O pomo da discórdia deve ser a imensa dívida que Atenas tem com o FMI, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia.

O ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varufakis.
O ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varufakis. REUTERS/Francois Lenoir
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"Não teremos problemas com o que diz respeito à liquidez do Estado", afirmou nesta quinta-feira (26) o ministro grego das Finanças, Yanis Varufakis, antes de ponderar: "mas teremos problemas para reembolsar a parcela do FMI agora (de € 1,6 bilhão) e a do Banco Central Europeu em julho (€ 6,7 bi)". Mas a Europa descarta qualquer anulação da dívida, que soma € 320 bilhões, quase o dobro do PIB (Produto Interno Bruto) do país. Isso coloca os dois países novamente em rota de colisão.

Ao longo de 2015 , a Grécia tem de pagar um total de € 19 bilhões. De acordo com o porta-voz do governo, Gabriel Sakellaridis, a prioridade é capitalizar o Estado: "O governo grego fará todo o possível para resolver o problema da liquidez. Discutimos medidas legislativas para facilitar o afluxo de dinheiro ao Estado. Mas este é um assunto que também diz respeito a nossos parceiros", afirmou.

Mas, antes de abril, data que determinaram para julgar as reformas gregas, os "parceiros" europeus não pretendem enviar um centavo a Atenas. Os bancos do país, cuja situação financeira parece começar a se reorganizar, têm comprado os papéis de curto prazo. E a população parece recuperar parte da confiança no setor.

De acordo com Varufakis, houve um "afluxo em direção aos bancos", que receberam € 700 milhões em depósitos na terça-feira e, de acordo com uma fonte bancária, mais de € 150 milhões no dia seguinte. Desde dezembro, cerca de € 20 bilhões teriam sido retirados do sistema bancário grego, já que a população temia que o país saísse da zona do euro.

Afrouxamento da dívida

Apesar dos bons ventos, a margem de manobra do governo para levantar fundos com títulos de curto prazo são limitadas pelo próprio programa de resgate, o que restringe drasticamente as possibilidades de o cenário se reverter sem um afrouxamento da dívida.

Dentro da União Europeia, a maior resistência a um perdão - mesmo que parcial - vem da Alemanha. Nesta quarta-feira (25), o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble se disse "estupefato" com as propostas econômicas do governo de Alexis Tsipras, que alega trabalhar para resolver a crise humanitária antes da financeira.

Para um porta-voz de Schäuble, falar em restruturação da dívida neste momento é "indequado e incompreensível". Também irrita os alemães a proposta grega de "reexaminar" os compromissos de privatização assumidos pelos governos anteriores.

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