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Rússia

Assassinato de opositor russo Boris Nemtsov foi planejado, diz polícia

O russo Boris Nemtsov, antigo vice-primeiro-ministro de Boris Iéltsin e principal opositor de Vladimir Putin, foi morto em pleno centro de Moscou na noite de sexta-feira (27). Ele foi atingido com quatro tiros nas costas. A manifestação política da qual ele participaria do domingo foi cancelada e substituída por uma marcha em sua memória. Segundo as primeiras informações da polícia, o assassinato foi “minuciosamente planejado”.

Flores no local do assassinato em Moscou.
Flores no local do assassinato em Moscou.
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Três horas antes do assassinato, Nemtsov participou ao vivo de um programa de rádio, em Moscou. A jornalista que o entrevistava, pergunta: “Você poderia ter sido presidente. Quais são suas ambições políticas?”. “Pare com estas perguntas. Na minha juventude, Iéltsin queria que eu fosse seu sucessor, mas ele mudou de ideia e designou Putin. Esse foi o seu maior erro”, respondeu Nemtsov.

O oposicionista russo de 55 anos foi morto próximo ao Kremlin, enquanto passeava com uma mulher sobre a Grande Ponte de Pedra. “Ao redor de 23h15, um carro se aproximou dos dois, alguém disparou tiros e quatro acertaram as costas de Nemtsov, causando sua morte”, declarou a porta-voz do Ministério do Interior, Elena Alexeeva, ao canal de televisão Rossiya 24.

“Não há nenhuma dúvida de que este crime foi minuciosamente planejado, assim como o lugar escolhido para cometê-lo”, afirmou o comitê de investigação que se ocupa do caso. Tudo indica que a arma utilizada era uma pistola Makarov, usada pelas forças policiais e pelo exército russo.

Obama, Hollande e Merkel se manifestam

Os investigadores também encontraram no local seis balas de calibre 9mm de diferentes fabricantes, o que torna mais difícil rastrear sua origem. "Boris Nemtsov se dirigia com sua companheira para seu apartamento, situado não muito longe dali. É evidente que os criminosos conheciam o seu trajeto”, conclui o comunicado do comitê. Testemunhas do crime já teriam sido interrogadas.

Moradores de Moscou depositaram flores nos arredores do local do assassinato. No domingo, Boris Nemtsov deveria participar de uma das mais importantes manifestações organizadas nos últimos meses na capital russa. O protesto seria contra às crises econômica e na Ucrânia.

 

>> LEIA MAIS: Quem era Boris Nemtsov

 

A chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherine, disse que o bloco está “idignado com esta morte brutal” e que espera que as autoridades russas ajam rapidamente, de forma “completa e transparente” para encontrar os culpados. A chanceler alemã Angela Merkel disse estar “consternada” com o “assassinato covarde” de Nemtsov. O líder francês, François Hollande, disse que o político russo era “um defensor valente e incansável da democracia”.

O presidente norte-americano Barack Obama chamou o crime de “brutal” e disse esperar uma investigação transparente por parte das autoridades russas. “Admirava a valente luta contra a corrupção empreendida por Nemtsov”, disse Obama.

Porochenko: "Não foi por acaso"

Imediatamente após o assassinato, uma outra figura da oposição, Ksenia Sobchak, disse que Nemtsov estava trabalhando em um relatório que denunciaria a presença das Forças Armadas russas na Ucrânia, o que sempre foi negado pelo Kremlin, apesar das evidências.

O presidente ucraniano Pedro Porochenko tratou de estabelecer a ligação entre a morte de Nemtsov e a situação de seu país: “Ele era uma ponte entre a Ucrânia e a Rússia, e esta ponte foi destruída pelos tiros de um assassino. Não acho que tenha sido por acaso”.

Segundo analistas, embora costumasse publicar relatórios denunciando a corrupção no país, a oposição estava tão fraca que Nemtsov não representava nenhum tipo de ameaça real ao presidente Putin. No entanto, muitos responsabilizam Putin por ter criado um clima de caça às bruxas no país, com frequência classificando a oposição de traidora da nação, o que poderia ter incentivado os assassinos de Nemtsov.

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