Antiliberal Podemos e novos partidos revolucionam cenário político da Espanha

Os eleitores espanhóis que foram às urnas neste domingo (24) para votar nas eleições municipais e regionais, provocaram uma revolução no cenário político do país. O partido antiliberal de esquerda Podemos, que nasceu do movimento dos Indignados contra a crise econômica, e novos partidos fundados por representantes da sociedade civil, puseram fim a 40 anos de bipartidarismo na Espanha.

Eleitores de Valença comemoram nas ruas a vitória de partidos da esquerda em 24 de maio de 2015. Reuters/Heino Kalis

Luisa Belchior, correspondente da RFI Brasil em Madri

O panorama político da Espanha mudou depois deste domingo, em que novos partidos obtiveram votação histórica.

O Partido Popular (PP), do premiê conservador Mariano Rajoy, sai vencedor no plano nacional, mas registra uma queda inédita de votos, com 26%, o pior desempenho eleitoral em 24 anos. O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), maior sigla de oposição, ficou com 25% e também sai enfraquecido das urnas.

No domingo, 8.122 municípios e 13 das 17 províncias autônomas tiveram seus parlamentos renovados. A participação dos eleitores foi de 65%, pouco menos do que nas últimas eleições, em 2011. Na Espanha o voto não é obrigatório.

Em Madri e Valência, o PP ganhou, mas sem maioria absoluta para governar. Em Barcelona, o partido Podemos foi o grande vencedor. Assim, a ativista Ada Colau, candidata da sigla e estreante na política, deve governar a segunda maior cidade do país. Será a primeira vez que Barcelona terá um governo de extrema-esquerda. Na capital, a coalizão Ahora Madrid, liderada pelo Podemos, poderá governar se costurar uma aliança com os socialistas do PSOE. Se o acordo sair, a oposição põe fim a 24 anos de governo do PP na capital espanhola.

A queda expressiva dos votos no partido Popular é considerada um verdadeiro colapso para os conservadores espanhóis e as urnas revelam um novo cenário político na Espanha.