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AF447/Acidente

Relatório aponta erro de pilotos do voo AF447, revela Le Figaro

O jornal Le Figaro revela que o terceiro relatório oficial sobre o acidente com o voo AF447, que será publicado na tarde desta sexta-feira pelo BEA (Escritório de Investigações e Análises), vai apontar para a responsabilidade dos pilotos na tragédia. O diário também indica que mudanças serão avaliadas na Air France em decorrência do acidente com o avião, que caiu na rota Rio-Paris em 2009, matando 228 pessoas.

Jornal antecipou os resultados do relatório sobre as causas do acidente do voo AF447.
Jornal antecipou os resultados do relatório sobre as causas do acidente do voo AF447. www.figaro.fr
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Segundo informações reveladas pelo jornal Le Figaro, o terceiro relatório da BEA vai confirmar que o acidente foi provocado pelo congelamento das sondas que medem a velocidade do avião. A partir da análise completa dos dados gravados nas caixas-pretas do Airbus da Air France, os peritos afirmam que a pane gerou a perda de parâmetros essenciais para o controle do aparelho. No entanto, ainda de acordo com o diário francês, o relatório também aponta uma série de erros cometidos por um dos três pilotos.

No voo AF 447, quando o comandante de bordo deixou a cabine para descansar, ele designou o copiloto menos experiente para assumir o comando e não o segundo copiloto, que tinha mais do que o dobro de horas de voo. Quando as sondas de velocidade congelaram, desligando o piloto automático, o copiloto menos experiente empinou o avião até uma altitude de 37500 pés. Essa altitude nunca deveria ter sido atingida, porque o risco do avião perder a sustentação e cair é alto demais.

Segundo o jornal Le Figaro, nesse momento preciso o incidente com as sondas de velocidade teria terminado. O painel voltou a apontar parâmetros de velocidade coerentes e bastava o segundo copiloto informar ao colega que estava no comando que ele deveria manter manualmente a trajetória e a altitude para que o acidente tivesse sido evitado. O problema é que o segundo copiloto estava ocupado com outra tarefa: ele tentava chamar o comandante de volta à cabine e não viu que o piloto, em pânico, continuou empinando o avião, até o Airbus perder a sustentação e iniciar a queda. Em nenhum momento os pilotos entenderam que o avião estava caindo. O copiloto menos experiente fez o contrário do que deveria ser feito, diz o Figaro.

"Continuar empinando o avião é uma manobra incompreensível", afirma um piloto da Air France ao jornal. "Meu colega deve ter entrado em pânico", acrescentou. Durante a queda, de acordo com o diário, o copiloto fez movimentos de vaivém com o manete, ora subindo, ora descendo o avião, tornando impossível recuperar a sustentação da aeronave. Mesmo com o alarme "Stall", de queda vertiginosa, tocando insistentemente na cabine, o piloto fez manobras contrárias ao que era recomendado pela Air France nessas circunstâncias.

Segundo Le Figaro, o comandante retornou à cabine, mas nenhum dos dois copilotos evocou o problema de perda de sustentação do aparelho. Eles falaram de problemas técnicos. Alguns segundos antes do impacto com o oceano Atlântico, o segundo copiloto assumiu o controle do avião, mas já era tarde demais.

Mudanças de hierarquia no cockpit

O relatório deve revelar que a equipe de pilotagem do voo AF 447 não tinha seguido um treinamento sobre o que fazer em circunstâncias de perda de parâmetros de velocidade, conhecido no setor pela sigla IAS. Um especialista diz ao Figaro que esse cenário coloca em evidência falhas na formação das equipes de pilotagem da Air France. Pilotos da companhia lembram que o treinamento da equipe para lidar com o congelamento das sondas de velocidade só passou a ser oferecido na Air France depois da tragédia com o Airbus, apesar de doze incidentes comunicados anteriormente.

Ainda de acordo com o jornal francês, a Air France deve avaliar alterações em seu funcionamento em decorrência do acidente de 2009. Segundo o diário, diversos procedimentos de voo e de treinamento fazem parte das reformas que serão estudadas pela companhia. Uma das principais revisões seria na organização do cockpit, com mudanças na hierarquia entre os copilotos, explica o Figaro.

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