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AF 447/ investigações

Após omissão de dados, sindicato dos pilotos se retira da investigação do AF 447

O Sindicato Nacional dos Pilotos, o principal da França, decidiu suspender sua colaboração com a agência francesa que investiga as causas do acidente do voo AF 447 entre Rio e Paris que matou 228 pessoas. O anúncio foi feito um dia após a revelação, pela imprensa francesa, de que os investigadores retiraram trechos do relatório divulgado na semana passada com recomendações que questionam o funcionamento do sistema de alarme do avião.

O diretor do Escritório de Investigações e Análises da (BEA, na sigla em francês), Jean-Paul Troadec, durante coletiva 29 de julho.
O diretor do Escritório de Investigações e Análises da (BEA, na sigla em francês), Jean-Paul Troadec, durante coletiva 29 de julho. REUTERS/Benoit Tessier
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Louis Jobard, porta-voz do Sindicato Nacional dos Pilotos de Linha (SNPL).

O sindicato se diz “preocupado pelas graves revelações” e estima que a investigação “se transformou em uma prova para responsabilizar a tripulação”.

A associação francesa dos familiares das vítimas também criticou o BEA, que apura as causas da tragédia, e disse que a investigação ficou "definitivamente desacreditada". “Este triste episódio gera uma crise de confiança sem precedentes em relação às autoridades de investigação”, afirma o comunicado divulgado pelo presidente da associação Robert Soulas. “A precipitação com a qual as autoridades acusaram os pilotos havia alertado as nossas suspeitas. Nós temos agora a confirmação de que as afirmações do BEA eram não somente prematuras e sem objetividade, mas parciais e muito orientadas para a defesa da Airbus.”

De acordo com uma reportagem publicada nesta terça-feira no site do jornal francês Les Echos, o órgão omitiu no relatório, apresentado no dia 29 de julho à imprensa, vários parágrafos que constavam num projeto confidencial, editado quatro dias antes. No trecho oculto, o BEA recomenda à AESA (Agência Europeia de Segurança Aérea), que o sistema de alarme de perda de sustentação do avião seja revisto para não ser afetado por “indicações erradas de velocidades”.

Segundo o BEA, a recomendação foi retirada porque será necessária uma avaliação mais aprofundada, antes de incluí-la no relatório final. Para os pilotos da Air France, o defeito no alarme teve um papel fundamental no acidente, porque forneceu informações contraditórias aos pilotos, o que o próprio diretor do BEA, Jean Paul Troadec, reconheceu na entrevista coletiva do dia 29 de julho.

Em seu relatório preliminar, a agência reconhece que o congelamento dos sensores Pitot, que indicam a velocidade do avião, desencadearam a catástrofe e o desligamento do piloto automático, mas os pilotos, disse o BEA, poderiam ter salvo a aeronave executando a manobra correta. O copiloto que estava no comando cabrou o avião (empinou para cima), e ganhou altitude, em vez de embicá-lo (picar), o que teria estabilizado o aparelho. Segundo os investigadores, os três pilotos não perceberam que o avião estava perdendo sustentação. O Airbus 330 despencou de 11,5 mil metros de altitude em pouco mais de três minutos.

De acordo com o Les Echos, o diretor-geral do grupo Air France- KLM, Pierre-Henri Gourgeon, solicitou formalmente à AESA (Agência Europeia de Segurança Aerea) nesta segunda-feira uma análise dos defeitos apresentados pelo alarme.

 

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