Intelectuais e empresários contestam medidas contra estudantes estrangeiros
Divulgada no dia 31 de maio, uma circular do governo francês prevê a redução de 10% da imigração legal no país, o equivalente a 20 mil pessoas a menos. Os principais atingidos pela medida são os estudantes estrangeiros, que têm dificuldades desde então para mudar o status de visto e conseguir uma permissão de trabalho.
Publicado a: Modificado a:
Victória Álvares
Uma centena de personalidades, entre intelectuais e empresários, assinou uma petição intitulada “Nossa massa cinzenta é de todas as cores” contra a circular do governo francês que dificulta a obtenção de um visto de trabalho na França para estudantes estrangeiros. A lista dos signatários é heterogênea, formada por nomes como o sociólogo Edgar Morin, o Nobel de Física Albert Fert e a ex-diretora-geral do grupo nuclear Areva, mas eles são unânimes ao escrever que a circular do governo francês é "moralmente desprezível e economicamente suicida".
O grupo se compromete em “apadrinhar os estrangeiros diplomados na França ajudando-lhes concretamente com os processos burocráticos na polícia” e em “protegê-los” para que possam continuar com a vida profissional no país, onde fizeram seus estudos.
“A ideia de que empregar um estrangeiro é tirar o emprego de um cidadão francês é falsa e perigosa. É uma mentira desacarada”, indica o texto da petição. "Um estrangeiro com diploma francês, que trabalha na França, é alguém que paga impostos na França, que consome na França, que compra na França, que apoia o emprego e o consumo na França. Se ele se torna um empreendedor, é alguém que gera empregos na França", completa.
Os signatários do documento convidam os “chefes de empresas, assim como os acadêmicos, a apoiar publicamente o pedido de revogação” da circular.
Divulgada no dia 31 de maio, o texto assinado pelos ministros franceses Claude Guéant (Interior) e Xavier Bertrand (Trabalho) orientava os prefeitos das cidades a serem “rigorosos” antes de dar uma autorização de trabalho.
A quatro meses da eleição presidencial francesa, Nicolas Sarkozy faz campanha reforçando o discurso sobre a imigração em busca dos votos mais conservadores. A circular faz parte do plano de redução da imigração legal, que prevê reduzir em 10% (200 mil para 180 mil vistos) o número de imigrantes legais.
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