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França/corrupção

Nova revelação sobre ex-tesoureiro de campanha enfraquece mais governo Hollande

Depois do escândalo envolvendo o ministro do Planejamento francês Jérôme Cazuhac, indiciado por fraude fiscal, Jean-Jacques Augier, 59, anos, tesoureiro da campanha do presidente François Hollande, confirmou ser acionista de empresas offshore nas ilhas Cayman, paraíso fiscal situado no Caribe. A revelação aumenta a pressão da oposição, que pede a demissão do primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault

O presidente francês François Hollande junto com seus ministros no Eliseu entre estes o ex-ministro francês do Orçamento, Jérôme Cahuzace em 4 de julho de 2012
O presidente francês François Hollande junto com seus ministros no Eliseu entre estes o ex-ministro francês do Orçamento, Jérôme Cahuzace em 4 de julho de 2012 REUTERS/Philippe Wojazer
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A nova revelação feita nesta quinta-feira pelo jornal francês Le Monde pode enfraquecer ainda mais o chefe de estado, que prometeu um governo exemplar durante a campanha presidencial. Segundo a reportagem, Jean Jacques Augier, ex-tesoureiro da campanha de Hollande em 2012, seria acionista de duas empresas offshore nas ilhas Cayman, utilizando sua sociedade holding Eurane. Apesar da suposta legalidade do esquema, sem suspeitas de sonegação fiscal, a imprensa francesa questiona como um membro do governo pode ter participado de operações financeiras 'obscuras.'

Questionado pelo Le Monde, Augier confirmou ter criado as duas empresas offshore em 2005, 2008 e 2009 no paraíso fiscal situado no Caribe, no sul de Cuba. "Nada é ilegal", declarou o ex-tesoureiro ao Le Monde. Ele afirmou que não possui conta bancária ou investimentos em seu nome. A primeira empresa, International Bookstores, foi criada em 2005 a pedido de um de seus associados chineses, proprietário de uma rede de livrarias. A segunda, criada em 2008 e 2009 em parceira com agências de viagem de diversos países, também foi aberta a pedido de seus parceiros.

A oposição tem se beneficiado desse tsunami político. Os parlamentares de direita pedem a demissão do primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault. A extrema-direita vai mais longe e pede a dissolução do parlamento e a convocação de novas eleições. O jornal Le Monde revelou, ontem, que a líder de extrema-direita Marine Le Pen deveria ter conhecimento da conta ilegal de Cahuzac desde 1992, já que o ex-ministro foi aconselhado para a abertura da conta por um advogado próximo do partido Frente Nacional.

A artilharia da oposição se volta agora contra o ministro da Economia e Finanças, Pierre Moscovici. Ele é acusado de ter encoberto o ex-ministro do Planejamento. Quando surgiram as suspeitas, Moscovici disse ter obtido da Suíça garantias de que Cahuzac não tinha uma conta no banco UBS, mas o documento das autoridades suíças nunca foi revelado.

As investigações do Ministério das Finanças pararam aí, sem se interessar pela eventual transferência do dinheiro a outro país. O presidente François Hollande também é acusado de fazer vista grossa. Uma nota do serviço secreto de dezembro passado teria confirmado ao presidente a existência de uma conta de Jerôme Cahuzac em Cingapura. O presidente francês afirma que ele não beneficiou de ‘nenhuma proteção.’ Cahuzac pode pegar cinco anos de prisão, ser obrigado a pagar uma multa de 375 mil euros, além de ter deixado o cargo no dia 19 de março, e ter se desligado do partido Socialista.
 

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