Abstenção e avanço da extrema-direita marcam 1° turno de municipais francesas
Abstenção recorde, 37,09%, marca primeiro turno das eleições municipais francesas neste domingo (23), primeiro teste nas urnas para o presidente socialista François Hollande. O partido Frente Nacional de extrema-direita ganha terreno e lidera a votação em cidades importantes. A esquerda recua.
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Cerca de 45 milhões de franceses foram estavam aptos neste domingo a votar no primeiro turno das eleições municipais em mais de 36,7 mil cidades em todo o país. Os vereadores e prefeitos eleitos ou reeleitos terão um mandato de seis anos. A votação, o primeiro teste nas urnas para o presidente socialista François Hollande, eleito em maio de 2012, foi marcada por uma forte abstenção, de 37,09%, um recorde. Em 2008, foi registrada a maior abstenção desde 1959 no país, de 33,5%.
Nas grandes cidades, como Paris, onde pela primeira vez as duas principais candidatas são mulheres, haverá segundo turno. A surpresa nas urnas começou pelo resultado da capital. Se esperava uma vitória tranquila da candidata do atual prefeito, a socialista Anne Hidalgo, mas a candidata da oposição de direita, Nathalie Kosciusko-Morizet, obteve uma pequena vantagem.
A impopularidade do presidente Hollande e os vários escândalos envolvendo o UMP, o principal partido de oposição do ex-presidente Nicolas Sarkozy, marcaram essas eleições.
Avanço espetacular da extrema-direita
O partido socialista recua e é o grande perdedor desse primeiro turno. Como anunciado, o partido da extrema-direita Frente Nacional (FN) ganha terreno e de forma espetacular. Segundo dados preliminares do Instituto de Pesquuisa BVA, a direita tradicional obteve 48% dos votos, a esquerda 43% (5% a menos que nas últimas municipais de 2008) e a extrema-direita 7%.
A sigla presidida por Marine Le Pen lidera a votação em cidades importantes, como Marselha e hoje já venceu em Henin-Beaumont, um município símbolo na batalha eleitoral francesa. O candidato FN, Steeve Briois, obteve no primeiro turno a maioria dos votos, 50,26%, derrotando o atual prefeito de esquerda.
A líder da Frente Nacional festejou o resultado “excepcional” e disse que esse primeiro turno indica o “fim da bipolarização da vida política francesa”.
Stéphane Monclaire, professor de Ciências Políticas da Sorbonne
Para o professor de Ciências Políticas da Sorbonne, Stéphane Monclaire, entrevistado pela RFI, a taxa recorde de abstenção favoreceu a direita nesse primeiro turno. Ele analisa que os eleitores de esquerda, desencantados com o governo Hollande, não se mobilizaram e que o voto de protesto beneficiou a extrema-direita.
Segundo turno
Os eleitores voltam às urnas no próximo domingo (30) para o segundo turno das eleições municipais. Hoje, os principais líderes políticos da esquerda pediram aos franceses para votar na semana que vem e evitar a vitória anunciada do partido da Frente Nacional em várias cidades. O FN deve disputar o segundo turno em mais de 100 municípios e espera vencer em pelo menos 10 cidades importantes.
O primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, estima que os eleitores mostraram neste primeiro turno sua “insatisfação, preocupação e dúvidas”, mas pediu que “as forças democráticas e republicanas se unam e impeçam a vitória da Frente Nacional”.
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