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França/Protestos

Morte de ecologista pela polícia provoca violentos protestos na França

A morte do jovem ativista francês Rémi Fraisse durante uma manifestação contra a construção da barragem de Sivens, no sul da França, continua gerando protestos e polêmica no país. Desde a morte do ecologista, no último domingo (26), as manifestações denunciando a violenta ação da polícia são quase diárias e o tema é destaque de capa dos principais jornais franceses nesta quinta-feira (30).

Na segunda-feira (27), manifestação contra a morte de Rémi Fraisse reuniu cerca de 1000 pessoas em Albi, no sul da França.
Na segunda-feira (27), manifestação contra a morte de Rémi Fraisse reuniu cerca de 1000 pessoas em Albi, no sul da França. AFP PHOTO / REMY GABALDA
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A morte do ecologista francês de 21 anos gerou uma nova crise para o governo do presidente François Hollande. A decisão do ministro do interior, Bernard Cazeneuve, e do chefe da polícia de não punir o policial responsável pela morte acidental do ativista pode acirrar os ânimos.

As primeiras investigações apontam que a morte pode ter sido causada por uma granada, lançada por um policial. O advogado da família diz que o jovem foi vítima de um tiro.

Na quarta-feira à noite, uma manifestação em memória de Remi Fraisse reuniu cerca de 250 pessoas no centro de Paris. Houve confronto com a polícia. Um policial foi hospitalizado e 12 pessoas ficaram feridas. Um novo protesto está marcado para sexta-feira em Albi, no sul da França, onde será debatido o futuro do projeto de construção da barragem que está na origem dessa crise. Os ecologistas pedem que a obra seja cancelada.

Ministro do Interior fragilizado

Alguns líderes ecologistas pedem inclusive a demissão do ministro do Interior, Bernard Cazeneuve. Mas o jornal Le Figaro, que normalmente é o mais crítico aos socialistas, defende o governo. O diário conservador escreve que o trágico incidente é consequência da radicalização de ativistas anarquistas que, segundo o jornal, são incentivados pela mídia e por militantes ecologistas.

Em seu editorial, o jornal diz que "a polícia nem o ministro do Interior estão aqui para assegurar a ordem pública e garantir o respeito das leis e não deveriam se sentar no banco dos acusados”. Le Figaro critica os integrantes do partido ecologista, chamando-os de "agitadores profissionais" e os acusando de incendiar o país.

Barragem inútil

O progressita Libération não critica diretamente o governo, mas a construção da barragem que segundo ele “é inútil”. O jornal ressalta que as obras foram suspensas depois da morte Fraisse. O diário considera que todas as leis para a construção da barragem foram respeitadas, mas ressalta que uma democracia moderna não pode ignorar o direito da manifestação.

"Os ativistas estão aí para lembrar ao governo que talvez a barragem de Sivens fizesse sentido nos anos 90, quando o projeto foi aprovado. Mas hoje, o projeto prejudica a agricultura, a natureza e a biodiversidade da região". A construção da barragem "é uma decisão legal, tomada por políticos respeitáveis, mas que perdeu sua legitimidade", analisa o diário progressista.
 

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