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CHINA/FRANÇA

Jornalista francesa expulsa da China já em Paris

A correspondente do semanário francês "L'Obs" na China voltou na noite passada a Paris após a sua expulsão pelas autoridades de Pequim. Ursula Gauthier alega que a sua expulsão foi "absurda e incompreensível".

Ursula Gauthier (à esquerda), no Aeroporto de Pequim antes do seu embarque rumo a Paris a 31 de Dezembro de 2015
Ursula Gauthier (à esquerda), no Aeroporto de Pequim antes do seu embarque rumo a Paris a 31 de Dezembro de 2015 AFP FOTO / FRED DUFOUR
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"Tudo isto por um artigo de análise, um artigo que todos os outros meios de comunicação do mundo fizeram", insurgiu-se a jornalista francesa ao chegar na noite passada ao aeroporto parisiense de Charles de Gaulle, num voo proveniente de Pequim.

"Foi um mês e meio de uma agitação incrível", alegou ela. A correspondente de "L'Obs" afirmou que não se deve expulsar um jornalista que se limitou a fazer o seu trabalho. Declarando conhecer a situação, ter ido ao local e ter efectuado reportagens e ter-se avistado com especialistas do Xinjiang, no noroeste da China.

Em causa estava a situação dos uigures, muçulmanos do Xinjiang denunciada por ela num artigo de 18 de Novembro no site internet do semanário para o qual trabalha.

Ela escrevia, então, que o ataque mortífero visando trabalhadores de uma mina na região turbulenta do Xinjiang não se parecia em nada com os atentados de 13 de Novembro, mas era "uma explosão de fúria localizada", numa área onde muitos denunciam a tutela de Pequim.

Há uma semana atrás o ministério chinês dos negócios estrangeiros informara Ursula Gauthier que sem "desculpas públicas" ela não poderia renovar a carteira de jornalista indispensável para que os profissionais estrangeiros da comunicação social possam renovar o respectivo visto.

A China alegara que ela tinha acusado de ter defendido de maneira flagrante actes terroristas num artigo, provocando desta maneira "a indignação do povo chinês", tendo-lhe sido comunicado que ela deveria deixar o país o mais tardar até 31 de Dezembro de 2015.

Dois diários oficiais chineses "Global Times", ligado ao partido comunista, e o "China Daily" publicaram editoriais muito críticos alegando que a jornalista francesa usara "dois pesos e duas medidas". Ursula Gauthier afirmara ter recebido na altura ameaças de morte dos leitores chineses furiosos.

A jornalista acusara a França de não a ter defendido com mais vigor: porém o ministério francês dos negócios estrangeiros alegou ter multiplicado diligências, bem como a União Europeia, junto de Pequim.

Ursula Gauthier é a primeira jornalista estrangeira a ser expulsa da China desde 2012 que na altura visara Melissa Chan que trabalhava para o canal televisivo do Qatar Al Jazeera.

O ministério chinês dos negócios estrangeiros alega que um eventual regresso de Ursula Gauthier à China dependia "inteiramente dela".

A interessada alegou, por seu lado, que "obviamente se me deixam voltar sem exigir desculpas solenes e públicas voltarei à China sem hesitar um segundo".

Teresa Nogueira, especialista da China na ong Amnistia Internacional em Portugal, descreve-nos a situação do povo uigur, no centro da polémica por detrás deste caso.

 

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Teresa Nogueira, grupo China na Amnistia Internacional em Portugal

 

 

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