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FRANÇA

França: Homenagem da Normandia ao padre assassinado

A localidade de Saint Etienne du Rouvray na Normandia, norte de França, presta homenagem nesta quinta-feira ao padre assassinado anteontem na igreja. Presente estará François Pereira: foi por uma unha negra que a sua mãe não esteve na missa em que o padre foi degolado.

Populares homenageiam o padre assassinado em Saint Etienne du Rouvray
Populares homenageiam o padre assassinado em Saint Etienne du Rouvray reuters
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François Pereira, de ascendência portuguesa, viveu toda a vida nesta localidade da Normandia, norte de França.

O filho foi colega de turma de Adel Kermiche, um dos dois autores do atentado contra a igreja de Saint Etienne du Rouvray e conserva ainda a fotografia de turma incluindo o autor do atentado que enlutou a cidade.

Adel e o seu cúmplice acabariam por ser abatidos na saída da igreja nesta terça-feira após terem assassinado o padre em plena missa matinal e ferido com gravidade um paroquiano.

Do jovem de 19 anos que protagonizou este assassínio o filho de François Pereira descrevera um aluno pouco aplicado, mas que divertia os colegas com piadas.

François Pereira admite que o facto de Adel Kermiche ter partilhado a cela da prisão com islamitas mais velhos possa tê-lo radicalizado. Ele admite, porém, também sentir pena pelo facto do jovem ter conhecido este desfecho.

Adel Kermiche estava sob regime de pulseira electrónica e tentara por duas vezes ir para a Síria para se alistar no jihad.

Para François Pereira é terrível morrer assim como o padre da paróquia que ele alega ter sido "boa pessoa" e que tinha o hábito de cumprimentar, o clérigo que celebrara inclusive o funeral do irmão.

A mãe de François Pereira era presença assídua nas missas e só por acaso no dia do assassínio optara por ir ao cemitério visitar o túmulo do filho em vez de se deslocar à igreja... ou seja foi por um triz que não assistiu à eucaristia de terça-feira.

Factos que o levam a pensar que este assassínio inédito em França e na Europa pode fracturar o diálogo entre comunidades de Saint Etienne du Rouvray onde coabitavam sem problemas até ao momento católicos, de origem francesa ou portuguesa, e muçulmanos, de origem magrebina.

E isto não obstante admitir ter bons amigos marroquinos confessa ter medo mais do que poderá ocorrer aos familiares do que a si próprio.

Ambos os autores do assassínio constavam da lista de pessoas que poderiam atentar à ordem pública, a dita "lista s", o cúmplice de Adel Kermiche veio da Sabóia, sul de França, ter com ele ao norte do país para atentar contra a vida de um padre.

Um e outro não estariam sozinhos, refere ele... a polícia, embora sabendo que Abdel Malik Petitjean, o cúmplice de Kermiche, estaria prestes a levar a cabo um atentado, não o teria interceptado.

Esta noite a localidade de Saint Etienne homenageia Jacques Hamel, padre de 86 anos, assassinado na terça-feira numa concentração no estádio municipal... uma marcha dita branca acabara por ser cancelada por razões de segurança.

Os católicos franceses devem cumprir nesta sexta-feira uma dia de jejum e de oração na sequência do assassínio deste padre em plena igreja do norte rural do país.

Confira aqui um extracto do testemunho de François Pereira explicando os motivos que o levaram a participar nesta homenagem ao padre de Saint Etienne du Rouvray.

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François Pereira, testemunho de Saint Etienne du Rouvray

 Já ontem a sé catedral de Paris acolhera uma missa de homenagem contando com as mais altas figuras nacionais, incluindo o chefe de Estado, François Hollande, presença pouca habitual em cultos católicos, ou os seus antecessores Nicolas Sakozy e Valéry Giscard d'Estaing.

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