França: Jovem angolano de novo ameaçado de expulsão
Um jovem angolano que acaba de completar 18 anos é, de novo, ameaçado de expulsão a partir de França onde entrou em 2014 com documentos falsos. Não obstante o bom aproveitamento escolar, uma medalha da Cruz vermelha entregue este mês pelo ministro da educação as autoridades acabam de divulgar uma ordem de expulsão que pode ser aplicada a partir de 30 dias. Os advogados recorrem desta decisão.
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Hélène Nicolas é dirigente associativa no sul de França e acolheu o jovem angolano desde então procurando obter a sua regularização.
Ela explica-nos o porquê desta decisão das autoridades francesas.
"Em primeiro lugar eles continuam a chamá-lo pelo nome falso que ele utilizou, Domingos Ngunsa e isto quando nós apresentámos fotocópias dos bilhetes de identidade dos pais dele e outras declarações.
Eles não querem saber de nada alegando que, de qualquer maneira, tudo o que chega de Angola é falso.
A primeira parte é essa diz respeito à sua identidade.
Numa segunda fase dizem-nos que ele não está suficientemente integrado, nomeadamente do ponto de vista sócio-profissional.
O que é um absurdo porque se trata apenas de um aluno do liceu e, claro está, que ainda não tem trabalho.
Dizem-nos também que ele não criou laços familiares suficientes.
Suponho que queiram dizer que ele não fundou família, mas a 18 anos ele não pode estar casado e com 3 filhos !
Ou seja o problema seriam os laços familiares e a integração.
Ou seja deve voltar para Angola, foi alvo de uma ordem para abandonar o território francês dentro de 30 dias.
Pode beneficiar de uma ajuda ao regresso se quiser...
Ou seja voltámos à estaca zero."
O agora já maior de idade chegou a França aos 14 anos com documentos falsos, fugindo da perseguição da família em Angola.
Desde então ele tem tentado regularizar a sua situação, mas ao ter sido detido em Agosto pela polícia numa portagem do Sul de França acabou por receber uma ordem de expulsão.
Documentos provisórios tinham-lhe então sido prometidos numa primeira fase para que se pudesse matricular e prosseguir os estudos em Arles.
Esta nova decisão das autoridades significa que ele volta a ser instado a deixar território francês por problemas relativos à sua identidade e à suposta falta de laços familiares e sócio-profissionais.
Os seus advogados recorreram da decisão e a rede de educação sem fronteiras que o acolheu procura divulgar o caso nos meios de comunicação social.
Procuraram também contactar o ministro da educação, Jean-Michel Blanquer, que lhe atribuíu a 5 de Novembro em Arles um diploma da Cruz vermelha, e com quem o jovem foi fotogrado na altura.
Por ora os serviços do ministério em causa ter-se-iam furtado a quaisquer esclarecimentos, esclarece Hélène Nicolas junto de quem tem vivido o jovem angolano no sul de França.
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