Irão ameaça deixar acordo sobre o nuclear
Um ano depois do anúncio da retirada americana do acordo de Viena sobre o nuclear iraniano, Teerão suspendeu, esta quarta-feira, uma parte dos seus compromissos e deu 60 dias aos outros signatários para concretizarem as suas promessas de proteger Teerão contra as sanções de Washington.
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O presidente iraniano, Hassan Rohani, escreveu uma carta aos outros países signatários do acordo (China, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha) para os informar desta decisão.
Porém, Hassan Rohani sublinhou que Teerão não quer o fracasso do Plano de Acção Global Comum, concluído em Julho de 2015 em Viena.
O dirigente iraniano anunciou que a República Islâmica vai parar de vender o seu urânio enriquecido ao estrangeiro e destacou que, se dentro de 60 dias não houver respostas, o Irão abandona os seus compromissos e vai aumentar o seu nível de urânio enriquecido, limitado a 3,67% pelo Acordo de Viena.
Hassan Rohani, presidente do Irão, dobrado por Leonardo Silva
"No âmbito do acordo nuclear, nós decidimos manter os níveis de enriquecimento do urânio à 3,67. Nós vamos por fim a este compromisso e não respeitar mais os níveis especificados.
Em segundo lugar, e como previsto pelo acordo, o nosso reactor de água pesada de Arak, que devia ser construído com a parceria do grupo dos 5+1 países, continua a ser construído, e não está ainda na fase final.
Após 60 dias, nós decidiremos retomar o nosso plano do acordo pré-nuclear, no que toca à esse reactor.
Se eles decidirem tomar como pretexto as nossas acções, para levar novamente o dossier Irão ao Conselho de Segurança da ONU, serão confrontados com uma forte reacção da nossa parte.
Eu expliquei na minha carta aos cinco países o que poderá ser essa reacção". (Presidente Rohani )
A França e a Alemanha sublinharam, nos últimos dias, a sua vontade em manter em vigor o Acordo de Viena e exortaram o Irão a não o abandonar.
Esta quarta-feira, a ministra francesa da Defesa, Florence Parly, deu a entender que se pode equacionar um mecanismo de sanções contra a república islâmica se as autoridades iranianas abandonarem o acordo de 2015.
“Hoje, nada seria pior que o abandono do acordo pelo Irão. Nós, os europeus, nós, a França, queremos absolutamente manter o acordo vivo. É, por isso, que tomámos um certo número de iniciativas para permitir, por exemplo, que as transacções comerciais que, em grande parte, estão sob embargo americano, possam acontecer porque nada seria pior que arruinar a economia iraniana. Não é de todo o nosso objectivo. [No caso de uma saída do Irão dos acordos,] provavelmente haveria sanções europeias, faz parte das coisas a analisar”, afirmou a ministra francesa, em entrevista à BFM TV e RMC Info.
Florence Parly, Ministra da Defesa
Um ano depois do anúncio da retirada americana do acordo de Viena sobre o nuclear iraniano, Teerão ameaçou, com efeito, esta quarta-feira, romper este acordo e cessar alguns dos compromissos assumidos em 2015, e deu 60 dias às potências mundiais signatárias - Reino unido, China, UE, Rússia, França e Alemanha - para concretizarem as suas promessas de proteger Teerão contra as sanções de Washington, ameaçando com uma riposta forte.
o presidente Hassan Rohani afirmou que vai deixar de limitar as suas reservas de água pesada e urânio enriquecido, pondo em causa o acordo de 2015, que permitiu o levantamento de algumas sanções.
O presidente russo, Vladimir Putin, denunciou uma pressão desproporcionada sobre o Irão e decisões irreflectidas e arbitrárias por parte de Washington, apesar de a Rússia continuar comprometida no acordo nuclear acha que é cedo para discutir possiveis novas sanções contra o Irão.
Também a China defendeu hoje uma rigorosa implementação do acordo nuclear do Irão face às sançoes unilaterais dos Estados Unidos, que visam aumentar a tensão no Médio Oriente.
Já o primeiro-ministro israelita Benjamin Nethaniahou afirmou que Israel jamais permitirá que o Irão obtenha a arma nuclear.
E os Estados Unidos asseguraram que "nunca" cederão à "chantagem nuclear" iraniana, segundo revelou nesta quarta-feira a agência francesa AFP citando responsável norte-americano.
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