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Revista de Imprensa

Macron tenta intimidar jornalistas ouvidos pela secreta francesa

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Dia feriado em França, não há jornais impressos, com excepção do Libération, pelo que vamos recorrer a alguns destaques das versões online da imprensa francesa.LIBÉRATION, o único jornal francês que apareceu hoje  nas bancas, titula, sobre jornalismo, o Estado à caça, a informação passa mesmo assim. Secreta francesa convoca uma série de jornalistas na direcção geral dos serviços de informações. Há 2 anos que Macron insiste em controlar e tem a imprensa sob pressão.Nas últimas semanas, 9 jornalistas foram convocados pela secreta francesa o que mobiliza a profissão que tem tido relações tensas com o Presidente Macron desde que este chegou ao poder em 2017.  Sindicatos de jornalistas, ONG’s e advogados, pedem ao procurador da República de Paris, para, em nome do interesse público e da liberdade de informar,  abandonar queixas-crime contra jornalistas que trataram a questão de venda de armas francesas na guerra no Iémen.Estas convocações de jornalistas na direcção geral dos serviços de informações afiguram-se mais como intimidação, donde quer que venham, relança o secretário-geral da associação Repórteres sem Fronteiras.Também vários advogados e ONG’s escreveram ao magistrado do ministério público pedindo solenemente para ele pôr termo ao procedimento que para já resultou na convocação de jornalistas, ouvidos pela secreta, por uma suposta violação de segredo de defesa, por terem escrito sobre venda de armas pela França, utilizadas na guerra no Iémen.No seu editorial, intitulado, Liberdade, LIBÉRATION, escreve, "Estado, é Estado e há segredos que temos de proteger também", citando a porta-voz do governo, Sibeth Ndiaye, que num tom peremptório, coloca um problema real de democracia. Estado é Estado, tudo bem, mas em democracia, Estado, somos nós e não a Senhora Ndiaye, sublinha, LIBÉRATION, no seu editorial.O mesmo jornal aproveita ainda para se referir à lei Fakenews que Macron fez adoptar sobre manipulação de informação, mas que acaba de ser corrigida pelo Conselho constitucional, a pedido de 140 deputados e senadores dos Republicanos na oposição.Os juízes constitucionalistas, enquadram a lei, num acórdão, escrevendo que notícias falsas não podem ser “opiniões, nem sátiras, nem inexatidões parciais ou simples exageros. São aquelas onde é possível demonstrar a falsidade de maneira objectiva", sublinha, o conselho constitucional, citado pelo LIBÉRATION.Ainda sobre a França, por seu lado, LE FIGARO, destaca na sua versão online, o recente atentado de Lyon, com o suspeito Mohamed M. de 24 anos, a admitir pertencer ao Daesh. Ontem já tinha reconhecido ter fabricado o pacote armadilhado que explodiu na passada sexta-feira em Lyon ferindo 13 pessoas. Parco em palavras desde a sua detenção na segunda-feira, o principal suspeito do atentado de Lyon acabou, portanto, por confessar, que pertence ao movimento terrorista Estado islâmico e fabricado o dispositivo explosivo, nota, LE FIGARO. Mudando de assunto, no internacional, LIBÉRATION, dá relevo ao Qatar e a vingança da mesquita. Convidado para a cimeira do Conselho de cooperação de ontem e hoje, o pequeno país conseguiu contornar o bloqueio imposto pelos Estados da região há 2 anos. O Emirado toca a sua música ignorando correndo mesmo riscos de confronto na escalada entre o Irão e os Estados Unidos. Tanto o Iraque  como os Estados Unidos, nos dizem não quererem uma guerra e acreditamos nesta probabilidade, afirma, o porta-voz do ministério dos negócios estrangeiros do Qatar, Rashid al-Khater. LE MONDE, dá relevo, às eleições europeias, sondagens políticas, termómetro muito frágil. Os Institutos de sondagens são criticados por não terem antecipado a derrocada da direita entre outras sensibilidades políticas. Trata-se apenas de um erro ou simplesmente limites das sondagens? O certo é que os especialistas da opinião pública são criticados, nomeadamente, na imprensa, por não terem antecipado igualmente a pujança dos verdes e ecologistas. Para as Rádios France Culture e Europe 1 foi de facto uma derrota para os institutos de sondagens. E o líder da França Insubmissa, Jean Luc-Mélenchon, denunciou, logo na noite de domingo, na sua conta, Twitter, um naufrágio dos especialistas de sondagens, acrescenta, LE MONDE.Enfim, sobre a África, é ainda o mesmo vespertino, que dá relevo à dolorosa liberdade de expressão das mulheres no Burkina Faso. Face a assédios e agressões sexuais, actrizes e realizadoras do continente tentam organizar-se. LE MONDE publica uma foto da actriz burkinabé Azata Soro, com uma cicatriz de 11 centímetros no lado esquerdo do rosto. Desfigurada por uma garrafada de um homem, a actriz diz ter vergonha de se ver ao espelho. Todas as vezes que me vejo ao espelho, vem-me à memória toda esta violência, declara a actriz, que depois de 7 anos, disse ter ganho coragem para denunciar os 6 anos de inferno que viveu, com ameaças, chantagem, assédio ao telefone e a sua agressão física em 2017 em plena rodagem de filme, acrescenta, LE MONDE. 

Imprensa diária francesa de 30 de maio de 2019
Imprensa diária francesa de 30 de maio de 2019 RFI
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