Líder da direita francesa Wauquiez demite-se devido a fracasso europeu
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A actualidade francesa domina as primeiras páginas da imprensa diária publicada em França, com destaque para a demissão do líder da direita.LE FIGARO, titula, Wauquiez, demite-se, direita em migalhas. O Presidente dos Republicanos, contestado desde a dura derrota do seu partido nas europeias, anunciou ontem na televisão TF1 a sua demissão. "Vitórias são colectivas, derrotas são solitárias. Tenho que assumir as minhas responsabilidades", declarou Laurent Wauquiez, no jornal das 20 horas ontem da TF1."Não quero que a democracia se torne apenas esta escolha entre Emmanuel Macron e Marine Le Pen", apelando a direita a não perder os seus valores. Confrontado com críticas repetidas sobre a sua estratégia, sondagens sublinhando o seu défice de imagem ou os apelos da maioria presidencial a eleitos dos Republicanos para abandonarem o seu partido, Wauquiez preferiu demitir-se.Enquanto isto, jovens eleitos do partido, têm estado a avançar os seus peões, nota, LE FIGARO. Por seu lado, L’HUMANITÉ, titula, Macron, botas à direita. O Presidente roubou os cofres da direita. Os Republicanos ainda choram. O verdadeiro Boss da direita é Macron e os caciques da sua maioria passaram este fim-de-semana, a recrutar os quadros dos Republicanos. A debandada vai continuar tanto mais que o eleitorado tradicional da direita já reconheceu Macron com um dos seus, acrescenta, L’HUMANITÉ.O desmoronamento da direita força Laurent Wauquiez à demissão, relança, em título, LE MONDE. Face à rebelião interna, ele resistiu apenas uma semana após o fracasso histórico dos Republicanos nas europeias. Depois do escrutínio ganhou velocidade a queda do partido de direita, com um grande número dos seus eleitos a ameaçar desertar ou anunciando a sua saída do partido para não serem penalizados nas municipais de março de 2020.Neste período de incertezas, os Republicanos são alvos duma dupla ofensiva da República em Marcha de Macron e da União Nacional de Le Pen, observa, LE MONDE.Ainda na primeira página, o mesmo vespertino, refere-se à morte do Filósofo francês, Michel Serres, no sábado, com a idade de 88 anos, publicando uma entrevista inédita com ele feita em abril, onde afirma que "filosofar é estar em todo o lado", para depois, defender que a "via mais eficaz, a via por excelência para a Moral é paradoxalmente o caminho do riso", acrescenta LE MONDE.Michel Serres, Cimo da Natureza, titula, LIBÉRATION. Pensador optimista e insaciável do mundo e das suas transformações, o filósofo humanista, morreu com 88 anos. Filósofo e matemático, passou a sua vida a dar corpo à matéria.Quando perguntado o que é preciso para ser filósofo ele respondia: "há que viajar". O imortal partiu no sábado para essa viagem. Numa das suas obras, Parasita, Michel Serres, escreve: o "parasita suga tudo e não dá nada, nem palavras, barulho ou o vento. O hóspede dá e não recebe nada em troca", acrescenta o filósofo, citado por LIBÉRATION.Por seu lado, LA CROIX, titula, sobre franceses que merecem figurar na sua primeira página. Durante um mês o jornal percorreu toda a França para selecionar rostos e pessoas que por sua personalidade, acção e causas, publica na primeira página numa série de 9 artigos que começou hoje em Pas-de-Calais no norte da França.Gentes que se entre-ajudam, pessoas que ajudam os seus vizinhos, vizinhos que estão sempre disponíveis para ajudar o outro espontâneamente. Jean-Marie, um adepto da equipa de futebol local assistindo a um jogo no estádio local de Bollaert, diz ao jornal LA CROIX: “São esses aí, pelo que fazem, mostrando para a claque, que mereciam os salários dos futebolistas”.No internacional, LE MONDE, dá relevo à China e Estados Unidos: a nova guerra fria. Comércio, segurança, Taiwan, Pequim mostra os músculos a Washington.Enfim, o mesmo vespertino, refere-se à eleição presidencial na Argélia que foi uma vez mais adiada. Os manifestantes felicitam-se mas receiam que o presidente interino continue no poder.