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Artes

Portugal de novo distinguido pela UNESCO

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O Palácio Nacional de Mafra e o Santuário do Bom Jesus, em Braga, foram classificados, no domingo, Património Cultural Mundial da Humanidade. O Embaixador de Portugal na UNESCO, António Sampaio da Nóvoa, explicou o carácter "excepcional e histórico" destes monumentos e destacou a responsabilidade acrescida de Portugal.

Santuário do Bom Jesus do Monte, em Braga.
Santuário do Bom Jesus do Monte, em Braga. Botafogo, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index
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Portugal tem agora 17 bens materiais Património da Humanidade, além dos 11 que constituem Património Mundial de origem portuguesa no mundo. Este domingo, o Palácio Nacional de Mafra e o Santuário do Bom Jesus de Braga passaram a ser considerados Património Cultural Mundial da Humanidade da UNESCO. A distinção foi anunciada, no domingo, em Baku, no Azerbaijão, onde termina, esta quarta-feira, a 43ª reunião do comité da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

É um reconhecimento muito, muito importante. São dois bens excepcionais. Este reconhecimento dá, sobretudo, uma maior responsabilidade. A mim o que me interessa não é tanto a dimensão da distinção – que é obviamente importante – mas a dimensão que essa distinção nos atribui uma maior responsabilidade na preservação desses bens, na valorização desses bens e, também, no conjunto do Património em Portugal”, afirmou António Sampaio da Nóvoa, Embaixador de Portugal na UNESCO, na entrevista desta edição do programa ARTES.

O diplomata acrescentou que “este reconhecimento e esta distinção abrem um mundo de novas possibilidades e essas possibilidades têm que ser percorridas sempre com o objectivo da preservação do Património e da inscrição do Património na vida das pessoas porque é isso que faz a cultura”.

 

O “valor universal e excepcional” do Palácio Nacional de Mafra

Na avaliação das candidaturas, a UNESCO procura saber “até onde é que um bem tem um valor que é não só excepcional, mas que tem alguma especificidade que a distingue como bem mundial”, explicou Sampaio da Nóvoa.

No caso de Mafra é não só toda a arquitectura do Palácio mas é a ligação entre o Palácio, a Basílica e o Convento. Depois, há dois apontamentos adicionais que são muito importantes: a Biblioteca Históric, a existência de um sistema de órgãos e, sobretudo, dos carrilhões”, especificou o Embaixador.

Além disso, o Palácio Nacional de Mafra tem “uma zona murada de 23 quilómetros que tem o jardim e a tapada de Mafra com 1200 hectares” que é “um bem absolutamente excepcional". "É qualquer coisa rara do ponto de vista mundial que um palácio deste tipo do século XVIII tenha ligado a si um sistema de tapada que o tornam um caso único no mundo”.

O Palácio Nacional de Mafra, mandado construir por D. João V, é um conjunto arquitectónico barroco formado por um paço real, uma basílica e um convento. Tem importantes colecções de escultura italiana, de pintura portuguesa e também italiana, uma biblioteca, dois carrilhões e um conjunto de seis órgãos históricos que é único no mundo.

O “valor universal e excepcional” do Santuário do Bom Jesus

O Santuário do Bom Jesus do Monte, em Braga, é um conjunto arquitectónico e paisagístico constituído por uma basílica, uma escadaria, várias capelas, uma área de mata e um funicular. A basílica do Bom Jesus foi projectada em 1784 pelo arquitecto Carlos Amarante a pedido do Arcebispo de Braga, D. Gaspar de Bragança, e as suas obras foram concluídas em 1811. A sua imponente escadaria vence um desnível de 116 metros e está dividida em três lanços: o escadório do Pórtico, o dos Cinco Sentidos e o das Três Virtudes. O santuário serviu de modelo ao de Congonhas, em Minas Gerais, no Brasil, que já era património mundial.

É toda uma tradição antiquíssima de religiosidade, dos chamados sacro montes, em que Braga tem um papel de uma grande originalidade na construcção dessa ideia”, começou por destacar Sampaio da Nóvoa.

Por outro lado, "a construcção do Santuário e da Via Sacra inspiraram o Bom Jesus de Congonhas, a que esteve ligado o escultor brasileiro “o Aleijadinho” e que já estava inscrito na lista do Património Mundial”, pelo que a UNESCO reconheceu “o papel original e pioneiro” do Bom Jesus de Braga.

 

Outros bens materiais portugueses já inscritos na UNESCO

Os primeiros classificados, em 1983, foram o Centro Histórico de Angra do Heroísmo, o conjunto formado pelo Mosteiro dos Jerónimos e pela Torre de Belém, em Lisboa, o Mosteiro da Batalha e o Convento de Cristo, em Tomar.

Seguiram-se o centro histórico de Évora (1986), o Mosteiro de Alcobaça (1989), a paisagem cultural de Sintra (1995), o centro histórico do Porto (1996), a arte rupestre do vale do Côa (1998), a floresta laurissilva da Madeira (1999), o centro histórico de Guimarães (2001), o Alto Douro vinhateiro (2001), a paisagem da cultura da vinha da ilha do Pico (2004), a cidade-quartel de Elvas e suas Fortificações (2012) e a Universidade de Coimbra (2013).

 

Região de Paraty, antiga Babilónia e siderurgia tradicional do Burkina Faso também distinguidas

Na 43ª reunião do Comité do Património Mundial também foram distinguidas a região de Paraty, no estado do Rio de Janeiro (Brasil), a antiga cidade da Babilónia ( Iraque), as Terras e Mares Austrais Franceses (oceano índico), o Parque Nacional Vatnajökull (Islândia) e a siderurgia tradicional do Burkina Faso.

Foram, ainda, classificados os santuários de Aves Migratórias ao longo da Costa do Mar Amarelo (Golfo da China), as Florestas Hircanianas (Irão), a região de Ohrid (na Albânia), o Complexo Florestal de Kaeng Krachan (Tailândia), a paisagem cultural Budj Bim (Austrália), Risco Caído e as montanhas sagradas de Gran Canaria (Espanha), os templos de Bagan (Myanmar), a região de Erzgebirge/Krusnohorí (entre Alemanha e República Tcheca), o sistema de gestão de água de Augsburgo (Alemanha) e a região pré-histórica de Krzemionki (Polónia), entre outros locais.

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