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Igreja Católica / Papa

Comparação de ataques contra o Papa com antissemitismo gera polêmica

Comunidades judaicas e vítimas de abusos sexuais cometidos por padres reagiram com indignação à comparação dos ataques a Bento 16 por causa dos casos de pedofilia na Igreja com antissemistismo feita por pregador do papa.

Papa rezando durante cerimônia religiosa na Basílica de São Pedro.
Papa rezando durante cerimônia religiosa na Basílica de São Pedro. Reuters
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O secretário-geral do Conselho Geral dos judeus da Alemanha, Stephan Kramer, qualificou a mensagem do sermão como "impertinência e insulto em relação às vítimas dos abusos sexuais e às vítimas do Holocausto".

O rabino de Roma, Riccardo Di Segni, disse ao jornal italiano La Stampa que a mensagem lida durante a missa pelo padre Cantalamessa foi "uma falta de bom senso" e considerou a comparação "inapropriada". Ele também alertou para os rumores que circulam no meio católico de que os ataques teriam sido manobra do lobby judeu.

Fundador do Centro Simon Wiesenthal de luta contra o antissemitismo, Marvin Hier
exige um pedido de desculpas do papa pelo que considerou uma “deformação total da história" e "observações injuriosas e vergonhosas".

Nos Estados Unidos, David Clohessy, diretor da SNAP, grupo que reúne vítimas americanas de padres pedófilos, lamentou as declarações do pregador do papa. "Dói no coração ver um alto responsável na hierarquia do Vaticano fazer observações tão duras, que são um insulto não apenas para as vítimas dos abusos sexuais como para os judeus", disse.

A nova polêmica veio à tona momentos antes de o Papa Bento 16 celebrar na Basílica de São Pedro a tradicional vigília pascal.

Vaticano

O porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, declarou neste sábado que não se deve fazer comparações entre os escândalos de pedofilia atribuídos à Igreja Católica e críticas a Bento 16 com o antissemitismo.

“Fazer um paralelo entre os ataques contra o papa pelos escândalos de pedofilia e o antissemitismo não é a diretriz seguida pela Santa Sé”, disse Lombardi para a Rádio Vaticano em referência à polêmica envolvendo o padre Raniero Cantalamessa.

Na noite de sexta-feira, durante o sermão da liturgia da Paixão de Cristo, o padre franciscano Cantalamessa, pregador do papa, leu uma carta de solidariedade enviada por um amigo judeu ao papa e à Igreja Católica. “Estou revoltado com o ataque violento e concêntrico contra a Igreja (e) o papa", escreveu o autor da carta. "O uso do estereótipo, a atribuição da responsabilidade e des erros de particulares à um erro coletivo me lembra os aspectos mais vergonhosos do antissemitismo", acrescentou.

O porta-voz do Vaticano considerou que o padre Cantalamessa quis apenas "tornar pública a solidariedade ao papa expressa por um judeu à luz da experiência da dor sofrida por seu povo". A Rádio Vaticano publica em seu site a cópia integral da carta do amigo judeu do padre Cantalamessa.

Vários artigos publicados na imprensa da Alemanha e dos Estados Unidos acusam o então cardeal Joseph Ratzinger a manter o silêncio diante de denúncias de abusos de padres contra menores. Na época, ele dirigia a Congregação para a doutrina da fé, órgão responsável pelo destino dos padres na Igreja, antes de se tornar o papa Bento 16, em 2005.
 

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