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Medidas de transparência do governo Hollande dividem políticos

Os jornais desta quarta-feira, 10 de abril, dão destaque à polêmica aberta com as propostas de moralização da vida pública que devem ser anunciadas pelo presidente François Hollande. O progressista Libération afirma que a ideia de obrigar os parlamentares franceses a publicar seu patrimônio pessoal é criticada pela oposição e também por políticos de esquerda, que não apreciam nem um pouco essa história de escancarar a vida privada.

O escândalo no alto escalão do governo Hollande ocupa as manchetes desde o início do mês.
O escândalo no alto escalão do governo Hollande ocupa as manchetes desde o início do mês. RFI
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Acumular dinheiro continua sendo um grande tabu na sociedade francesa e trazer à luz do dia o carro que o político tem na garagem de casa, o apartamento na praia, a conta da poupança e até o que ele recebeu de herança dos avós parece, aos olhos de muitos políticos, "um espetáculo deplorável de voyerismo".

O diário conservador Le Figaro lamenta que o escândalo de Jerôme Cahuzac, ex-ministro do Orçamento indiciado por evasão fiscal, esteja funcionando como uma cortina de fumaça para ocultar a falta de ação do governo Hollande no combate à crise. Pior: o choque de moralização dos socialistas transformou o parlamento num ring de boxe. Até alas da esquerda acham que o país entrou numa espiral de acusações perigosa.

Em entrevista ao Figaro, a diretora da sucursal da revista The Economist em Paris, Sophie Pedder, diz que um ambiente de fim de reinado tomou conta do alto escalão do Estado francês, que foi enfraquecido pelo caso Cahuzac e "uma França enfraquecida não é do interesse dos britânicos". Pedder considera que os políticos franceses, tanto da esquerda quanto da direita, parecem não estar prontos para enfrentar a crise econômica atual. "Eles fogem das reformas, preferem viver de crédito e deixar o problema para as novas gerações", lamenta a jornalista.

Editorialistas estimam que a expectativa dos franceses em relação à honestidade dos políticos não significa que os eleitores queiram ver "um streap-tease dos parlamentares". O debate passou rapidamente do campo da transparência para o da moralidade.

Para o Libération, a solução seria lançar um projeto que ataque de fato as raízes do mal: examinar as licitações públicas com mais rigor, acabar com o acúmulo de mandatos e funções ministeriais de parlamentares, e combater objetivamente a fraude e a corrupção.

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