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Imprensa francesa

Sob escuta judicial, Sarkozy ocupa as capas dos principais jornais franceses

O escândalo no qual o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy está envolvido ocupa as capas e os editoriais dos principais jornais franceses deste sábado, dia 8 de março. Ontem, o jornal Le Monde revelou que Sarkozy está sob escuta judicial desde o ano passado devido à investigação sobre o suposto financiamento de sua campanha presidencial de 2007 pelo ex-ditador líbio Muammar Kadafi. Para piorar o quadro, há indícios de que Sarkozy poderia estar comprometido em um caso de troca de favores com um procurador da mais alta instância do Judiciário francês.

Capa do jornal francês Libération deste sábado (8) e domingo (9) compara o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy ao personagem Vito Corleone, da série "O Poderoso Chefão", do escritor Mario Puzo.
Capa do jornal francês Libération deste sábado (8) e domingo (9) compara o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy ao personagem Vito Corleone, da série "O Poderoso Chefão", do escritor Mario Puzo. Reprodução
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Muitos analistas políticos prevêem que o escândalo atrapalha um possível retorno do ex-presidente à política. Mas o jornal Le Monde é mais cauteloso. O diário centrista reconhece que o caso pode prejudicar a estratégia de Sarkozy, mas acredita que ainda é prematuro afirmar que isso possa comprometer sua candidatura para as presidenciais de 2017. “Somente uma condenação ou um indiciamento acompanhado de uma prova irrefutável pode o tirar do jogo”, diz o jornal.

O diário de esquerda Libération faz uma crítica ferrenha ao ex-chefe de Estado e publica uma foto de Sarkozy cabisbaixo que ocupa toda a sua capa, sob a manchete: "O Poderoso Chefão", em alusão ao personagem mafioso Vito Corleone, do romance de Mario Puzo, adaptado para o cinema por Francis Ford Coppola.

Em seu editorial, o quotidiano é ainda mais crítico. O jornalista Eric Decouty escreve: "Nicolas Sarkozy sempre desprezou a Justiça, aquela que não servia seus interesses e aquela que ele não podia instrumentalizar. Durante anos, membros do governo e seu chefe tramaram como se beneficiassem de uma impunidade absoluta, como se eles estivessem acima do Direito. Acima das leis da República. É esse sistema de malversação do poder que é hoje revelado por uma justiça independente em uma democracia onde o Direito passa a ser novamente respeitado".

Já o jornal de direita Le Figaro, como já era de se esperar, defende o ex-chefe de Estado em seu editorial. "Desde que deixou o Eliseu, Nicolas Sarkozy é o alvo de uma perseguição judicial sem precedentes. Nunca um antigo presidente da República mobilizou tantos procuradores para pesar, decorticar, suspeitar de qualquer um de seus gestos ou ações", escreve o jornalista Yves Thréard. Para ele, desde o início do que classifica de "empreendimento da destruição", faltam provas que possam confirmar o comprometimento do ex-presidente nos escândalos.

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