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Cannes/Festival

Filme sobre Sebastião Salgado ganha Prêmio Especial em Cannes

O público que assistiu o filme "The Salt of the Earth" ("O Sal da Terra"), escrito e dirigido por Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, retribuiu em ovação a generosidade imensa que a obra transmite em duas horas e oito minutos de projeção. Foi o único representante brasileiro em competição em Cannes, na mostra paralela "Um Certo Olhar".

"O sal da Terra é o homem", diz Sebastião Salgado no documentário.
"O sal da Terra é o homem", diz Sebastião Salgado no documentário. DR
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Se o filme não levou o prêmio máximo, recebeu um Prêmio Especial dos jurados, impressionados com o documentário sobre a vida e o trabalho do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, pai de Juliano. As imagens  reveladas no filme "The Salt of The Earth" fazem sonhar e chorar, não deixando ninguém indiferente.

Nenhum fotógrafo mostrou ao mundo tanta beleza e tanta dor quanto ele. Em quarenta anos de aventuras pelos quatro cantos do globo, sua lente captou o melhor e o pior da humanidade, com um olhar sempre preocupado com a imagem enquanto testemunha do seu tempo. Das terríveis cenas de êxodo, fome e guerras às paisagens maravilhosas que homenageiam a beleza do planeta, o clic magistral de Salgado é, reconhecidamente, um gesto social, político e humano.

O filho e o admirador famoso

A vida e a obra do fotógrafo são abordadas no filme através das cenas de seu filho Juliano, que o acompanhou nas viagens mais recentes, e de Wim Wenders, o renomado cineasta alemão, que conheceu Salgado ao entrar um dia em uma galeria de arte e se encantar diante da força contida na imagem de uma mulher tuaregue cega. A assinatura era de Salgado, que ele não conhecia na época. Comprou a fotografia, que até hoje está no seu escritório, em Berlim.

07:19

Entrevista Juliano Salgado

Em entrevista exclusiva à RFI Brasil durante o Festival de Cinema de Cannes, Juliano contou que durante muito tempo Wim Wenders alimentou o desejo fazer um filme sobre Salgado e suas fotografias. "Wenders é uma pessoa muito intuitiva, muito inteligente, ele começou a pensar mas não sabia muito bem que tipo de filme queria fazer. Até que começamos a discutir sobre a possibilidade de explorar essas experiências acumuladas das viagens do Sebastião em uma colaboração", diz Juliano.

Viagens "em família"

Em fevereiro de 2009, Juliano fez sua primeira viagem com o pai, sem saber que esta experiência iria virar um filme. Pai e filho começaram a se descobrir, a conversar sobre os seus trabalhos. Mas o que mais marcou Juliano foi sentir a emoção de Salgado ao ver as imagens que ele havia editado. "Isso foi muito forte, deu confiança de que era o momento de fazer o filme. Eu sabia que tinha uma matéria, alguma coisa que era interessante para outras pessoas, sem ser a gente", reflete o cineasta.

Quando "Tião, como Juliano chama carinhosamente o pai, aceitou o seu jeito de filmá-lo, o momento para o trabalho começar se delinear. Wenders mergulhou no projeto e em 2009 Juliano e Sebastião começaram a viajar juntos e criar.

As filmagens terminaram em setembro de 2012 e em outubro os dois cineastas começaram o trabalho de edição no estúdio de Wim Wenders, em Berlim. A edição demorou um ano e meio.

A obra também rende uma justa homenagem a Lélia Deluiz  Wanick Salgado, esposa de Sebastião e mãe de Juliano, sua companheira e "cúmplice" nos projetos desde a juventude. Ela é encarregada de todas as pesquisas para os projetos do fotógrafo. E foi ela quem teve a ideia de replantar milhares de árvores na fazenda do pai de Salgado em Aimorés, Minas Gerais, que estava totalmente devastada. Hoje o local se transformou no Instituto Terra, uma reserva florestal.

 

 

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