Barack Obama pode sofrer derrota antes da hora
Os jornais franceses desta terça-feira (4) destacam em suas manchetes a eleição de meio mandato nos Estados Unidos. As pesquisas apontam uma virada no Senado, com vitória dos republicanos e derrota da maioria democrata. Se esse cenário se confirmar, a oposição reinará nas duas Casas, e Barack Obama poderá enfrentar um bloqueio legislativo até o final de seu governo.
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O jornal Libération considera que uma derrota de Obama a meio mandato não representará, obrigatoriamente, uma vitória dos republicanos na eleição presidencial de 2016. Ronald Reagan e Bill Clinton sofreram a mesma sanção nas urnas, lembra o diário. O que diferencia essa votação, segundo Libération, é que pela primeira vez em muitos anos de política americana, a situação da economia não vai determinar o voto.
O governo democrata tem um bom balanço econômico. A hostilidade do eleitorado se manifesta em relação à personalidade do presidente: "negro, liberal, urbano, Barack Obama representa tudo o que uma parte do país mais detesta", escreve Libération.
Obama é contestado por sua falta de liderança nas crises internacionais, na gestão do ebola e por sua ação tardia contra o grupo Estado Islâmico no Iraque. Somando-se a isso, a desmobilização dos eleitores negros, hispânicos e jovens, a base do eleitorado de Obama, as chances do presidente ficam comprometidas.
Le Figaro evoca a impopularidade de Obama
Le Figaro diz que só uma forte mobilização da base do eleitorado poderia salvar o presidente de uma derrota no Senado. Mas é pouco provável. Com 42% de aprovação, Obama é o presidente mais impopular da história americana, destaca o diário conservador. Ele gastou muita energia para implantar o Obamacare, o sistema universal de saúde, e acabou enfraquecendo a imagem dos Estados Unidos no exterior, com as hesitações na Síria e no conflito entre Israel e Palestina. O surgimento do grupo Estado Islâmico foi a gota d'água.
Americanos insatisfeitos com o Congresso
O jornal econômico Les Echos comenta o descontentamento dos americanos em relação ao Congresso atual. Les Echos entrevista Jeffrey Pollock, do Global Strategy Group. O analista conta que apenas 12% dos americanos aprovam a ação dos congressistas. "A maioria da população tem a impressão de que nada mais é decidido em Washington", diz ele. Os eleitores apreciam a ação dos líderes locais, mas desaprovam os congressistas, resume o pesquisador.
Para o analista, Obama deve se sentir frustrado pelo fato de os eleitores não repercutirem nas urnas a melhora da economia. Mas segundo ele, isso é normal porque "a opinião pública sempre evolui com meses de atraso em relação à realidade".
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