Em referendo, suíços rejeitam textos sobre imigração, ouro e imposto de estrangeiros
A Suíça não vai limitar imigrantes, aumentar sua reserva de ouro nem cobrar mais imposto de estrangeiros com grandes fortunas que vivem no seu território. No referendo deste domingo (30), a maioria dos eleitores disse não às três questões, rejeitando todas as propostas. Os votos foram feitos em urnas eletrônicas e pela Internet.
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Das três propostas apresentadas no referendo, a que teve maior rejeição foi a do Partido Popular Suíço, de extrema-direita, que previa que o Banco Central do país deveria reter no mínimo 20% de seus ativos em ouro, contra 8% atualmente; além disso, a Suíça seria obrigada a nunca vender essas reservas, que hoje correspondem à sétima reserva mundial.
Caso a moção tivesse sido adotada, o Banco Central seria obrigado a comprar, em cinco anos, cerca de 70 bilhões de francos suíços em ouro (cerca de €58 bilhões), equivalentes a 2/3 da produção anual do metal. O Banco fez um apelo aos eleitores para rejeitarem a proposta, o que acabou acontecendo. Estima-se que 78% votaram contra.
Imigração
Outra rejeição forte referia-se à chamada "Ecopop", que sugeria uma cota de imigração que causaria a redução de 75% dos estrangeiros que vivem legalmente na Suíça. Cerca de 74% dos eleitores rejeitaram a ideia.
Não é a primeira vez que os suíços vão às urnas para decidir questões sobre imigração. Em 9 de fevereiro deste ano houve um referendo em que o "sim" venceu, determinando o fim da "imigração em massa" e a reintrodução do sistema de cotas. Na ocasião, o o presidente da Suíça, Didier Burkhalter, chorou na coletiva de imprensa ao comentar o resultado.
Imposto e estrangeiros endinheirados
Finalmente, a terceira iniciativa envolvia o estatuto fiscal para os milionários que vivem no país, em nome da "igualdade fiscal para todos". Como já era esperado, o "não" venceu com 60% de vozes.
Atualmente, os estrangeiros "residentes não domiciliados", ou seja, que moram mas não trabalham na Suíça , não pagam imposto sobre sua renda, mas somente sobre os valores que trazem ao país. Em outras palavras, toda a sua renda no estrangeiro é isenta de imposto. Não é segredo para ninguém que a iniciativa estimula as grandes fortunas do mundo todo a se instalar no belo país dos Alpes cobertos pela neve e dos chocolates deliciosos.
Defensores do "não", os opositores ao texto argumentam que, em caso da vitória do "sim", a Suíça enfrentaria um "buraco" orçamentário com a partida certa dos estrangeiros endinheirados que, perdendo suas vantagens, não veriam mais motivo para ficar.
A Suíça tem oito milhões de habitantes e é dividida em 26 cantões, que têm uma estrutura federal e uma grande autonomia.
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